Brasília – A Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) que investiga fraudes em descontos associativos ligados ao Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) aprovou nesta quinta-feira (25) um requerimento de prisão preventiva contra o advogado Nelson Wilians.
O pedido foi protocolado pelo deputado Rogério Correia (PT-MG), que se baseou em relatórios da Polícia Federal e do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf). De acordo com o parlamentar, o Coaf identificou movimentações financeiras atípicas de cerca de R$ 4,3 bilhões entre 2019 e 2024 nas contas do escritório de Wilians. Parte dos valores estaria vinculada a empresas e pessoas já detidas, como Maurício Camisotti e o lobista Antônio Carlos Camilo Antunes, conhecido como Careca do INSS.
Correia argumentou que a liberdade do advogado “compromete a ordem pública, ameaça a instrução criminal e coloca em risco a aplicação da lei penal”, citando o poder econômico e político de Wilians. Como o investigado não possui foro parlamentar, o requerimento seguirá para análise do ministro André Mendonça, relator do caso no Supremo Tribunal Federal (STF).
Outros alvos e novos documentos
Além de Wilians, a CPMI solicitou a prisão de outras 21 pessoas ligadas ao esquema. O colegiado também aprovou a requisição ao Coaf do Relatório de Inteligência Financeira (RIF) referente ao advogado.
Depoimento sob silêncio
Nelson Wilians compareceu à CPMI em 18 de setembro, mas exerceu o direito ao silêncio, garantido por habeas corpus concedido pelo ministro Kassio Nunes Marques (STF) um dia antes. Na ocasião, ele se recusou a firmar compromisso de dizer a verdade, negou envolvimento com as fraudes e afirmou não conhecer o Careca do INSS, embora tenha admitido relação profissional e de amizade com Camisotti.
Contexto da investigação
O pedido de prisão de Wilians ocorre três dias após a CPMI deter Rubens Oliveira Costa, apontado como operador financeiro do Careca do INSS, por suposto falso testemunho. Costa foi levado à Polícia Legislativa, prestou depoimento e acabou liberado no mesmo dia. O presidente da CPMI, senador Carlos Viana (Podemos-MG), informou que um inquérito foi instaurado para apurar o caso.
Com a nova decisão, o avanço das investigações agora depende do pronunciamento do STF sobre o pedido de prisão preventiva de Nelson Wilians.
Com informações de Gazeta do Povo