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Contag concentra suspeitas de desconto ilegal e terá sigilos quebrados pela CPMI do INSS

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A Confederação Nacional dos Trabalhadores Rurais Agricultores e Agricultoras Familiares (Contag) tornou-se o principal alvo da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) do INSS, que apura descontos associativos supostamente irregulares em benefícios de aposentados e pensionistas.

Durante sessão nesta semana, parlamentares questionaram o advogado Eli Cohen – um dos responsáveis por denunciar o esquema – sobre o papel da entidade. O presidente da CPMI, senador Carlos Viana (Podemos-MG), informou que os sigilos bancário, fiscal e telefônico da confederação serão quebrados e que seus dirigentes serão chamados a depor.

Repasse bilionário em dez anos

Apurações indicam que a Contag recebeu R$ 3,6 bilhões em descontos associativos nos últimos dez anos, dos quais R$ 446 milhões somente em 2023. Auditoria da Controladoria-Geral da União (CGU) aponta que, entre janeiro de 2019 e março de 2024, os repasses chegaram a R$ 2 bilhões.

No primeiro trimestre de 2024, 1,3 milhão de beneficiários tiveram valores abatidos para a confederação, número superior ao de qualquer outra entidade conveniada. Em amostra analisada pela CGU, 97,6% dos entrevistados disseram não ter autorizado as cobranças; entre seis filiados consultados da Contag, cinco negaram anuência.

Alvo da Operação Sem Desconto

A Polícia Federal e a CGU incluíram a Contag entre as 11 entidades investigadas na Operação Sem Desconto. Relatório do Coaf mostra transferências de cerca de R$ 26 milhões da confederação para federações, sindicatos, empresas e pessoas físicas.

Documento obtido pela CPMI registra que o presidente da Contag, Aristides Veras dos Santos, liberou em lote 34.487 benefícios para novas cobranças, apesar de apenas 213 pedidos válidos, segundo auditoria interna do INSS.

Influência na Medida Provisória 871/2019

Eli Cohen relatou que emendas que alteraram a MP 871/2019 — proposta para combater fraudes previdenciárias — foram redigidas em computadores da Contag. Segundo ele, as mudanças enfraqueceram o dispositivo que previa revalidação anual de filiação, permitindo a continuidade dos descontos automáticos. Muitas das emendas foram apresentadas por parlamentares do PT.

Defesa da confederação

Em nota, a Contag afirma que atua “de forma institucional” há mais de 60 anos, com base em Acordos de Cooperação Técnica firmados desde 1994. A entidade diz ter recebido “com surpresa” a abertura de processo administrativo pela CGU, nega qualquer irregularidade e sustenta que o desbloqueio de benefícios em 2022 ocorreu após falhas no sistema Meu INSS.

Além da Contag, outras três confederações ocupam o topo do ranking de repasses investigados pela CPMI. O colegiado segue colhendo depoimentos e analisando documentos para identificar eventuais responsabilidades penais e administrativas.

Com informações de Gazeta do Povo