Brasília — 10 de dezembro de 2025. A Câmara dos Deputados decidiu, por 318 votos a favor, 141 contrários e três abstenções, suspender por seis meses o mandato do deputado Glauber Braga (PSOL-RJ). A aprovação de um destaque apresentado pelo PSOL impediu que o plenário votasse pela cassação do parlamentar, o que acarretaria perda definitiva do mandato e inelegibilidade por oito anos.
Braga discursou por 25 minutos antes da votação. Ele classificou o processo como perseguição política e atribuiu sua origem à denúncia do chamado “orçamento secreto”. “Se você não é um deputado inimigo do povo, não deve se sentir ofendido”, afirmou, referindo-se a críticas feitas anteriormente em plenário.
Origem do processo
O caso teve início em abril de 2024, quando o deputado agrediu, com chutes e empurrões, o ativista Gabriel Costenaro, do Movimento Brasil Livre (MBL), dentro do Congresso. O partido Novo encaminhou representação ao Conselho de Ética, alegando quebra de decoro. Em maio, o colegiado recomendou a cassação por 13 votos a 5.
Braga sustenta que reagiu após ofensas à sua mãe, falecida 15 dias depois do episódio. Parlamentares aliados, como Sâmia Bomfim (PSOL-SP), reforçaram essa versão durante a sessão desta quarta-feira. Deputados Kim Kataguiri (União-SP) e Nikolas Ferreira (PL-MG) contestaram a acusação, chamando-a de “mentira”.
Debate em plenário
Apesar de adversário político, Pedro Paulo (PSD-RJ) defendeu o destaque que trocou a cassação pela suspensão: “Isso é parte da democracia; precisamos garantir o direito de divergir”. Já o relator Paulo Magalhães (PSD-BA) sustentou o relatório que pedia a perda de mandato, citando “desrespeito à instituição”.
Líderes partidários também se dividiram. Lindbergh Farias (PT-RJ) classificou a eventual cassação como “brutal injustiça”, enquanto Nikolas Ferreira argumentou que Braga “mentiu” ao citar ofensa à mãe.
Confusão na véspera
Na noite anterior (9), Braga ocupou a Mesa Diretora em protesto contra a inclusão do processo na pauta. A Polícia Legislativa o retirou à força, e a transmissão da TV Câmara foi interrompida. Em abril, a análise em plenário já havia sido adiada por 60 dias depois de uma greve de fome de oito dias feita pelo deputado.
Com a decisão desta quarta-feira, Braga fica afastado de suas funções parlamentares por meio ano, mas preserva o mandato e os direitos políticos.
Com informações de Gazeta do Povo