Brasília – Condenado pelo Supremo Tribunal Federal (STF) a 27 anos e 3 meses de prisão por tentativa de golpe e proibido de disputar eleições até 2060, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) segue como principal avalista de qualquer candidatura competitiva da direita nas eleições de 2026.
Há quatro meses em regime fechado, após período de prisão domiciliar e preventiva, Bolsonaro permanece fora das redes sociais e do debate público, mas ainda aparece com força nas pesquisas e pauta movimentos de partidos conservadores e de centro.
Influência garantida
O cientista político Leandro Gabiati, da consultoria Dominium, avalia que o capital político acumulado pelo ex-mandatário, aliado à fragmentação do campo conservador, faz dele um “polo de referência”, mesmo afastado da cena eleitoral. Segundo Gabiati, um apoio explícito de Bolsonaro pode representar de 20% a 25% dos votos no primeiro turno, praticamente assegurando vaga no segundo.
Bolsonaro já estava inelegível até 2030 por decisão do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) acerca da reunião com embaixadores em 2022. Com o trânsito em julgado da condenação por tentativa de golpe, o prazo foi estendido para 2060.
Tarcísio no centro das atenções
Nesse cenário, o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), tornou-se o principal foco das especulações sobre a sucessão. Estrategistas veem uma construção silenciosa de alianças enquanto o governador evita declarar-se presidenciável. Um encontro entre Tarcísio e Bolsonaro estava marcado para 10 de dezembro, autorizado pelo ministro Alexandre de Moraes, mas foi cancelado após a decretação da prisão preventiva do ex-presidente.
Partidos como o PSD, de Gilberto Kassab, e até o PT acompanham de perto a movimentação, conscientes de que um gesto público entre os dois pode redefinir cálculos eleitorais.
Divisões internas
Dentro da própria família Bolsonaro há resistência à eventual candidatura de Tarcísio. O deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP), que permanece nos Estados Unidos, classifica a ideia como “produto do sistema” e mantém seu nome – ou o do senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) – como opções para 2026.
Para o cientista político Ismael Almeida, parte dos parlamentares eleitos na esteira do bolsonarismo adota atitude discreta diante das decisões judiciais contra o ex-presidente, movimento que pode custar caro junto ao eleitorado mais fiel.
Condições para apoio
O ex-ministro da Casa Civil e senador Ciro Nogueira (PP-PI) declarou que só apoiará candidato que se comprometa a conceder indulto a Bolsonaro e aos envolvidos nos atos de 8 de janeiro de 2023. Paralelamente, oposicionistas articulam no Congresso projeto de lei para anistiar o ex-chefe do Executivo e demais condenados, com parte dos parlamentares defendendo um texto de redução de penas – o chamado “PL da dosimetria”.
Com a direita ainda em processo de recomposição e várias pré-candidaturas em teste, o silêncio – ou a palavra – de Jair Bolsonaro segue determinante para quem busca chegar com chances ao Palácio do Planalto em 2026.
Com informações de Gazeta do Povo