O Banco Central decidiu encerrar o Drex, projeto que pretendia criar uma versão digital do real. A decisão foi comunicada em reunião realizada em 5 de novembro de 2025 com integrantes dos consórcios participantes, e o desligamento da plataforma poderá ocorrer já na próxima semana.
Custos e privacidade motivam o fim da iniciativa
Segundo o empreendedor de ativos digitais Pedro Magalhães, a autoridade monetária optou pelo encerramento porque a solução não atendia aos critérios mínimos de privacidade e apresentava custos de transação considerados altos. Outra fonte do setor, que preferiu não se identificar, afirmou que o mercado aguardava esclarecimentos sobre os resultados alcançados e os valores despendidos no piloto.
Uma pessoa ligada ao projeto disse ao Valor Investe que, apesar do encerramento, a experiência mostrou benefícios da tecnologia blockchain. No entanto, o entendimento no Banco Central é que não vale a pena manter uma infraestrutura estatal para esse tipo de operação.
Críticas a vigilância e mudança de escopo
O Drex vinha sendo questionado por representantes da direita, que temiam o uso do real digital para monitoramento estatal e controle social. Em agosto de 2025, o coordenador Fábio Araújo informou que o BC abandonaria a blockchain por não conseguir garantir a privacidade de transações entre instituições financeiras.
Em setembro, o lançamento foi adiado e o escopo encolheu: o Drex passaria a ser usado apenas em transações entre participantes, sem acesso direto ao público. A autoridade monetária reconheceu no início de 2024 que a questão da privacidade permanecia sem solução.
“Contradição de modelo”, aponta especialista
Para Magalhães, o problema não estava na tecnologia, mas na tentativa de combinar sigilo absoluto com controle centralizado. Ele lembra que reuniões técnicas já revelavam impasses sobre privacidade, sobretudo em testes com recebíveis tokenizados.
Possíveis estudos a partir de 2026
Apesar do fim do projeto atual, o Valor Investe informou que novos estudos sobre o Drex podem ocorrer no início de 2026. A pauta inclui avaliação dos benefícios identificados e busca de modelos de negócio viáveis, agora sob liderança do mercado.
André Carneiro, presidente da BBChain, um dos consórcios envolvidos, afirmou em nota que o direcionamento pelo setor privado pode remover restrições regulatórias do piloto e liberar o potencial de tecnologias DLT/Blockchain.
Com informações de Gazeta do Povo