A Alemanha confirmou nesta sexta-feira (7) que contribuirá com o Fundo Florestas Tropicais para Sempre (TFFF), mecanismo idealizado pelo governo brasileiro para remunerar países que preservam suas áreas verdes. O primeiro-ministro alemão, Friedrich Merz, declarou que o aporte será “significativo”, mas evitou divulgar cifras, adiando o anúncio que o Palácio do Planalto esperava detalhar.
A manifestação ocorreu em Belém (PA), após reunião entre Merz e o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) durante o encontro de chefes de Estado preparatório para a COP30, prevista para 2025.
Suporte político sem valor definido
Com a declaração de Berlim, a Alemanha se soma ao Reino Unido e a outros 52 países que já demonstraram apoio político ao TFFF, mas ainda sem compromissos financeiros oficiais.
Segundo estimativas do Itamaraty, o fundo contabiliza hoje US$ 5,5 bilhões em promessas. A meta é chegar a US$ 10 bilhões até o fim do ano, patamar considerado mínimo para viabilizar a operação. A Noruega desponta como principal doadora potencial, com intenção de aportar US$ 3 bilhões, condicionados à meta global ser alcançada.
Desconfiança histórica trava avanços
A analista de comércio internacional Ana Paula Abritta, da BMJ Consultores Associados, afirma que a demora na definição dos valores e a falta de clareza sobre as contribuições refletem a desconfiança entre países doadores, dificultando o plano brasileiro de fortalecer o fundo.
Ela lembra que, na COP15, em 2009, nações desenvolvidas prometeram mobilizar US$ 100 bilhões anuais até 2020, meta atingida apenas dois anos depois. Agora, discute-se um novo objetivo de US$ 3,4 trilhões até 2030, ainda sem consenso político, o que amplia a incerteza sobre recursos para iniciativas como o TFFF.
Para o governo brasileiro, a confirmação de valores continua essencial para sustentar o protagonismo do país na agenda ambiental durante a aproximação da COP30.
Com informações de Gazeta do Povo