O governo chinês declarou nesta terça-feira (5) que detém a “autoridade final e indiscutível” para definir a reencarnação do 14º Dalai Lama, Tenzin Gyatso. O posicionamento foi apresentado durante entrevista coletiva convocada para marcar o 60º aniversário da Região Autônoma do Tibete.
Segundo Gama Cedain, vice-secretário do Comitê do Partido Comunista Chinês no Tibete, “a reencarnação do Dalai Lama nunca foi decidida exclusivamente por ele”. O dirigente afirmou que o processo deve obedecer aos “ritos religiosos e costumes históricos” tibetanos, sob as leis nacionais e com aval do governo central.
Cedain citou o princípio de “busca dentro do país, sorteio por meio da urna de ouro e aprovação do governo central” como procedimento obrigatório. A prática, apresentada por Pequim como tradição budista tibetana, é contestada por grupos de exilados e por organizações internacionais, que a classificam como mecanismo político de controle.
A declaração ocorre um mês depois de o Dalai Lama, às vésperas de completar 90 anos, afirmar que sua sucessão será conduzida exclusivamente pelo Gaden Phodrang Trust, fundação responsável por seu legado espiritual e político. Em comunicado, o líder exilado na Índia desde 1959 disse que “ninguém mais tem autoridade para interferir”, referência direta ao regime chinês, que o classifica como separatista.
O tema da sucessão intensificou tensões diplomáticas recentes. Pequim advertiu Índia e Estados Unidos contra “interferência externa” após mensagens de felicitação pelo aniversário do líder tibetano e suas declarações sobre o processo de reencarnação.

Imagem: Isabella de Paulacom Agência EFE via gazetadopovo.com.br
Na semana passada, o presidente tcheco, Petr Pavel, tornou-se o primeiro chefe de Estado a encontrar-se publicamente com o Dalai Lama em Dharamsala, Índia. O gesto foi visto como incomum no cenário internacional, onde poucos governos se arriscam a contrariar a posição chinesa sobre o Tibete.
A questão ganhou dimensão global após a aprovação, pelos EUA, da Lei de Política e Apoio ao Tibete, que prevê sanções a autoridades chinesas que interfiram na escolha do próximo Dalai Lama.
Com informações de Gazeta do Povo