Cerca de 20 pastores cristãos foram emboscados por 30 a 40 moradores armados com pás, machados, facas, foices e pedaços de madeira na aldeia de Kotamateru, distrito de Malkangiri, no estado de Odisha, leste da Índia, em 21 de junho. O grupo retornava de uma cerimônia de bênção de sementes organizada por 11 famílias cristãs da região.
Como ocorreu o ataque
Após um culto, ensinamentos bíblicos, oração e um almoço comunitário, os líderes religiosos deixaram o local por volta das 12h30 em motocicletas. Pouco depois, foram detidos perto de uma grande árvore de nim por moradores que questionaram a presença de pastores de outras aldeias e os acusaram de promover conversões religiosas.
A discussão evoluiu para violência quando os agressores, aparentemente preparados, iniciaram o espancamento. Testemunhas relataram que transeuntes observaram a cena sem interferir enquanto os pastores eram golpeados repetidamente. Dez vítimas sofreram ferimentos graves na cabeça e precisaram de atendimento hospitalar imediato.
Vítimas e estado de saúde
No total, 30 cristãos foram agredidos. Dez permaneceram hospitalizados por cinco dias. Quatro deles — Sukra Madi, 52 anos, Ganga Sodi, Podiya Kowasi e Erma Madi — tiveram complicações e foram transferidos em 7 de julho para o Hospital MIMS, em Bhadrachalam, no estado vizinho de Andhra Pradesh. Sukra Madi necessita de cirurgia estimada entre US$ 1.600 e US$ 1.700.
Atuação da polícia
Antes da emboscada, os organizadores haviam obtido autorização verbal da polícia, que prometeu garantir a segurança do evento. Durante o ataque, pastores telefonaram duas vezes para a delegacia local. Um policial ordenou que a multidão se dispersasse, mas as instruções foram ignoradas. Apesar de um boletim de ocorrência registrado em 22 de junho citar 16 suspeitos, nenhuma prisão foi efetuada até o momento.
As vítimas afirmam que autoridades pressionaram para que houvesse um acordo informal, sem prosseguimento legal. É o terceiro episódio de violência contra cristãos na aldeia desde 2014.

Imagem: folhagospel.com
Protesto e novas denúncias
Dez dias após o ataque, em 2 de julho, organizações cristãs estaduais e locais reuniram mais de 7.000 pessoas em um protesto pacífico exigindo a prisão dos agressores. Durante a manifestação, líderes tentaram entregar simbolicamente uma guirlanda ao inspetor da delegacia, gesto interpretado pela polícia como humilhação. Em resposta, agentes abriram processo contra 30 representantes cristãos por reunião ilegal, obstrução de via pública e outras acusações.
A Índia ocupa o 11º lugar na Lista Mundial da Perseguição 2024 elaborada pela organização Portas Abertas, posição que reflete o aumento de ataques a cristãos desde 2014.
Com informações de Folha Gospel