Brasília – Manifestações convocadas por aliados do ex-presidente Jair Bolsonaro reuniram dezenas de milhares de pessoas neste domingo, 3 de agosto de 2025, em protesto contra o governo Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e em defesa do impeachment do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF).
Atos em cerca de 70 cidades
Segundo o secretário-geral do PL, senador Rogério Marinho, atos ocorreram em aproximadamente 70 municípios, incluindo pelo menos 20 capitais. As maiores concentrações foram registradas em São Paulo, Rio de Janeiro, Brasília, Belo Horizonte, Salvador, Belém, Campo Grande e Porto Alegre.
Ausência de Bolsonaro e de governadores aliados
Impedido de comparecer por medidas cautelares impostas pelo STF – entre elas tornozeleira eletrônica, recolhimento domiciliar noturno e proibição de uso de redes sociais – Bolsonaro acompanhou a manifestação da Avenida Paulista por telefone, em ligação feita pelo deputado Nikolas Ferreira (PL-MG). O ex-presidente agradeceu o apoio e afirmou que a mobilização é “pela liberdade”.
Governadores apontados como possíveis nomes da direita para 2026 – Tarcísio de Freitas (Republicanos-SP), Romeu Zema (Novo-MG), Ronaldo Caiado (União-GO) e Ratinho Júnior (PSD-PR) – não compareceram. Tarcísio realizou procedimento de radioablação na tireoide no Hospital Albert Einstein, com alta prevista para a mesma noite. Caiado alegou compromissos prévios; Ratinho Júnior informou viagem pelo interior do estado; Zema não se pronunciou.
Pautas: anistia e impeachment
Parlamentares oposicionistas pretendem usar o resultado dos atos para pressionar o Congresso a votar o projeto de anistia aos condenados pelos eventos de 8 de janeiro de 2023 e a analisar novo pedido de impeachment de Moraes. O Legislativo retoma as atividades nesta segunda-feira (4).
Na capital federal, a deputada Bia Kicis (PL-DF) declarou que “a voz de Bolsonaro” ecoa no Parlamento a partir desta semana. Em São Paulo, Nikolas Ferreira anunciou que protocolará nos próximos dias o 30º pedido de afastamento do ministro do STF e cobrou do presidente da Câmara, deputado Hugo Motta (Republicanos-PB), a inclusão da anistia na pauta.
Discursos e lideranças presentes
Na Avenida Paulista, o presidente do PL, Valdemar Costa Neto, elogiou a adesão do público, considerada superior ao ato de 29 de junho. O pastor Silas Malafaia, organizador do evento em São Paulo, criticou a ausência dos governadores e afirmou que “Bolsonaro é insubstituível”.
No Rio de Janeiro, o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) discursou ao lado de uma réplica em papelão do pai. Em Brasília, o senador Izalci Lucas (PL-DF) e a deputada Caroline de Toni (PL-SC) reforçaram o pedido de aprovação da anistia. O vice-líder da oposição na Câmara, deputado Ubiratan Sanderson (PL-RS), classificou o dia como “histórico para a direita”.

Imagem: Wesley Oliveira via gazetadopovo.com.br
Cobrança ao Centrão e críticas ao STF
O líder do PL na Câmara, deputado Sóstenes Cavalcante (RJ), incentivou partidos do Centrão – PP, União Brasil, PSD e Podemos – a abandonarem a base do governo Lula e apoiarem a anistia. Ele também pediu que o STF não interfira na votação do projeto.
Participação de Michelle Bolsonaro
Em Belém, a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro participou do protesto e acusou o governo Lula de “enviar riquezas para fora” e se aliar a “comunistas e ditadores”.
Os manifestantes exibiram faixas e cartazes contra Moraes, Lula e o presidente da Câmara. Na Avenida Paulista, banners chamavam Hugo Motta de “inimigo da nação”.
Com a retomada dos trabalhos legislativos, a oposição promete intensificar a pressão sobre Câmara e Senado para avançar com anistia e impeachment, utilizando a mobilização deste domingo como demonstração de força.
Com informações de Gazeta do Povo