A organização norte-americana Global Christian Relief (GCR) anunciou um plano para quitar as dívidas de pelo menos 100 famílias cristãs que trabalham em regime de servidão em olarias do Paquistão ainda em 2024.
Meta inclui apoio econômico e educacional
Além de pagar os débitos, a entidade pretende:
- oferecer treinamento profissional a 380 jovens;
- garantir assistência médica a 20 000 famílias;
- ajudar 325 mulheres a abrir pequenos negócios.
Como a servidão por dívida funciona
Grande parte das famílias contrai empréstimos de US$ 800 a US$ 1 000 para cobrir necessidades básicas, como comida, aluguel ou despesas médicas. Com salários entre US$ 3 e US$ 5 por hora, os juros corroem a remuneração e deixam os trabalhadores com cerca de US$ 1,50 por dia, segundo a GCR. Apesar da proibição do trabalho escravo no país desde 1992, a prática persiste por falta de fiscalização e casos de corrupção.
Famílias já libertadas
No ano passado, a GCR quitou as dívidas de 50 famílias. Entre elas estão:
- Raheel e Ruth – passaram 25 anos nos fornos após um empréstimo de US$ 875 para tratar a mãe de Raheel. Hoje vendem hortaliças e moram em outra casa.
- Khalid e Shabana – pegaram US$ 213 para o casamento de familiares; após 15 anos, deviam US$ 875.
- Asid e Rabia – ficaram oito anos pagando US$ 984 tomados para uma cesariana.
- Maryam – trabalhou 20 anos para liquidar um débito de US$ 862; o marido, asmático, morreu sem atendimento médico adequado.
Discriminação religiosa agrava cenário
Os cristãos representam cerca de 1,27 % da população paquistanesa e, segundo a GCR, são frequentemente relegados a empregos de baixa remuneração. A Comissão dos Estados Unidos para a Liberdade Religiosa Internacional incluiu o Paquistão entre os 16 países de “preocupação particular” em seu relatório de 2025, citando o uso das leis antiblasfêmia e a perseguição a minorias religiosas.

Imagem: Global Christian Relief via folhagospel.com
Produzindo até 2 000 tijolos por dia em troca de quase nada, muitas famílias veem na quitação da dívida a única saída para interromper ciclos de escravidão que duram décadas.
Com informações de Folha Gospel