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OEA condena decisão de Lula de tirar Brasil de aliança mundial sobre memória do Holocausto

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A Organização dos Estados Americanos (OEA) criticou nesta sexta-feira, 25 de julho de 2025, a saída do Brasil da Aliança Internacional para a Memória do Holocausto (IHRA). O país atuava como membro observador desde 2021 e deixou o grupo por determinação do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

O comissário da OEA para o Monitoramento e Combate ao Antissemitismo, Fernando Lottenberg, classificou a decisão como “um equívoco em meio à tensão diplomática com Israel”. Segundo ele, a definição de antissemitismo adotada pela IHRA é utilizada por mais de 45 nações e cerca de 2 000 instituições como referência para identificar e enfrentar manifestações de ódio contra judeus.

Papel da IHRA

Criada em 1998, a aliança reúne mais de 30 países-membros, entre eles Estados Unidos, Alemanha, Reino Unido, França e Itália. A entidade afirma ter como missão preservar a memória do Holocausto, promover pesquisa acadêmica e prevenir novos genocídios. Para Lottenberg, a permanência do Brasil no grupo era um sinal de compromisso com a cultura de paz e com a educação sobre crimes de ódio.

Contexto da decisão

A retirada ocorreu um dia depois de o Itamaraty anunciar a adesão formal do Brasil ao processo movido pela África do Sul contra Israel na Corte Internacional de Justiça (CIJ), em Haia. Na ação, o governo sul-africano acusa Israel de cometer genocídio contra os palestinos na Faixa de Gaza.

Em nota, o Ministério das Relações Exteriores de Israel afirmou que a combinação das duas medidas demonstra “uma profunda falha moral” por parte do governo brasileiro.

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Imagem: sair da Aliança Internacional para a Me via gazetadopovo.com.br

Repercussão de especialistas

Para a coordenadora acadêmica do Hillel Rio e especialista em antissemitismo, Daphne Klajman, a decisão faz do atual governo “o mais antissemita desde a Era Vargas”. Ela argumenta que a IHRA delimita a fronteira entre crítica política a Israel e discurso antissemita, o que, segundo ela, evita a “criminalização da vida judaica”.

Klamjan acrescenta que o Brasil abriga aproximadamente 120 mil judeus — a segunda maior comunidade da América Latina — e que a saída fere a memória dos seis milhões de vítimas do Holocausto.

Com informações de Gazeta do Povo