Teerã, Irã – O Canal 2 da IRIB, rede de televisão oficial do Irã, transmitiu um documentário que apresenta cristãos convertidos como suspeitos de ameaçar a segurança nacional e exibe confissões obtidas sob coerção, segundo organizações de direitos humanos.
Produção após prisões
A exibição ocorreu pouco depois de o Ministério da Inteligência anunciar a prisão de pelo menos 53 cristãos, durante operação denominada “Guerra dos 12 Dias”. A HRANA, agência de ativistas iranianos, informa que o material foi produzido com participação da jornalista Ameneh Sadat Zabihpour, associada a órgãos de segurança do Estado.
Narrativa de ameaça externa
No documentário, os convertidos – chamados de “evangelistas” – são acusados de:
- manter vínculos com entidades estrangeiras;
- participar de acampamentos religiosos fora do país, como o Campo Armênia;
- viajar à Turquia;
- colaborar com grupos de oposição;
- planejar ataques a locais sensíveis no Irã.
Viagens religiosas e contatos pessoais são apresentados como supostas provas de conspiração. Também foram exibidas imagens de um carregamento de armas, sem documentação independente que comprove a origem do material.
Confissões sob pressão
Na parte final, detidos aparecem confessando crimes não especificados. Entidades de direitos humanos afirmam que essas declarações foram colhidas sob pressão ou ameaças, prática que, de acordo com especialistas, viola o direito a um julgamento justo.
Imagem: Portas Abertas via folhagospel.com
Uso recorrente de confissões televisionadas
A HRANA contabilizou 28 casos de confissões forçadas em 2024. Em 2022, durante protestos em todo o país, chegaram a 391 episódios semelhantes. A divulgação dessas gravações é apontada por observadores internacionais como método recorrente da República Islâmica para justificar a repressão a minorias religiosas e dissidentes políticos.
Com informações de Folha Gospel
