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Síria perde 80% de seus cristãos desde 2011, revela relatório internacional

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Beirute – A comunidade cristã da Síria encolheu em 80% nos últimos 14 anos, aponta relatório da organização católica francesa Oeuvre d’Orient. O documento, finalizado em setembro, estima que restam entre 300 mil e 400 mil cristãos no país, maioria com mais de 50 anos, diante de uma população que ultrapassava 1,5 milhão antes do início da guerra civil, em 2011.

Guerra, perseguição e êxodo

A pesquisa relaciona o êxodo a fatores como violência sectária, avanço de grupos extremistas, serviço militar obrigatório, sanções internacionais, crise econômica e o terremoto de 2023. Entre os episódios citados estão o sequestro de 230 civis (cerca de 60 cristãos síriacos) em Al-Qaryatayn, em 2015, e a cobrança de tributos religiosos, prisões arbitrárias e torturas impostas pelo Estado Islâmico em Raqqa.

Regiões tradicionalmente cristãs, como o bairro Midan, em Aleppo, ficaram na linha de frente dos combates. Em Deir Ezzor, hoje 75% destruída, apenas quatro cristãos permanecem, contraste com os 7 mil registrados antes do conflito.

Números do conflito

Desde 2011, a guerra civil síria deixou mais de 520 mil mortos, gerou 7 milhões de refugiados e deslocou outros 6 milhões dentro do país. O patrimônio cristão também foi afetado: igrejas foram danificadas ou deliberadamente atacadas, como no bombardeio à Igreja Tal Tawil, no Vale do Khabur, em 2015.

Ação humanitária e educacional

Apesar da redução demográfica, entidades ligadas às Igrejas mantêm uma rede que, segundo o relatório, alcança 2 milhões de sírios. Quatro hospitais cristãos em Damasco e Aleppo atendem anualmente cerca de 117 mil pessoas de diferentes religiões.

No setor educacional, 57 escolas administradas por instituições cristãs recebem 30 mil alunos, promovendo ensino laico e valores de convivência. Há negociações para devolver 30 das 67 escolas confiscadas pelo Partido Baath.

Preocupação com o futuro

Com mais da metade dos fiéis acima dos 50 anos, a comunidade sofre com pirâmide etária invertida. O relatório alerta ainda para sinais de islamização dos livros didáticos e registra recentes episódios de violência, como o ataque à Igreja de Mar Elias em junho, primeiro realizado durante uma missa desde o início da guerra.

Representantes das Igrejas mantêm diálogo com o presidente de transição em Damasco na tentativa de garantir segurança e preservar a diversidade religiosa do país considerado um dos berços do Cristianismo.

Com informações de Folha Gospel