Defensores de direitos humanos da Índia, Paquistão e outros países do sul da Ásia solicitaram, em 4 de dezembro, maior intervenção da União Europeia (UE) para proteger a liberdade de religião ou crença. O apelo foi feito durante a conferência “Violência direcionada contra cristãos no Sul da Ásia”, realizada no Parlamento Europeu, em Bruxelas.
Violência cresce na Índia
Tehmina Arora, diretora de Advocacy Asia da ADF International, relatou que, entre janeiro e outubro, o Fórum de Cristãos Unidos da Índia registrou mais de 600 episódios de violência — média superior a dois por dia. Os casos incluem agressões coletivas, invasão de cultos, humilhações públicas e demolição de residências.
Arora lembrou que 12 Estados indianos aplicam leis anticonversão, frequentemente usadas para intimidar fiéis. Em 2024, foram abertas 123 queixas criminais contra cristãos; vários permanecem presos. Em outubro, a Suprema Corte da Índia reconheceu que essas normas vêm sendo utilizadas indevidamente.
Paquistão mantém leis severas de blasfêmia
O jornalista paquistanês Asher John informou que 344 novos processos por blasfêmia foram abertos só em 2024. Ele citou os ataques de 2023 em Jaranwala — com mais de 20 igrejas e 85 casas incendiadas — e o linchamento do cristão Nazeer Masih Gill, de 74 anos, em Sargodha, em 2024.
John defendeu mudanças processuais para coibir denúncias falsas e responsabilizar agressores. A ex-detenta Shagufta Kausar, de origem cristã, relatou ter sido torturada na prisão e pressionada a se converter ao islã até ser libertada após resolução de emergência do Parlamento Europeu em 2021.
Conversões e casamentos forçados
Ejaz Alam Augustine, ex-ministro paquistanês de Direitos Humanos e hoje deputado provincial, denunciou conversões e uniões forçadas de meninas cristãs e hindus. Segundo ele, um projeto que eleva a idade mínima para casamento a 18 anos aguarda votação na Assembleia do Punjab desde abril.
Pressão também em Sri Lanka, Nepal e Bangladesh
Arora destacou ainda 39 episódios de intimidação a cultos cristãos no Sri Lanka em 2024, vigilância sobre atividades cristãs no Nepal e ataques a fiéis em áreas rurais de Bangladesh.
UE cobrada a usar poder político e econômico
Arora afirmou que a UE “tem mandato e meios” para agir, defendendo a recondução de um Enviado Especial para a liberdade religiosa. O eurodeputado esloveno Matej Tonin (PPE) declarou que a Europa precisa “agir com fatos, não palavras”, e que o bloco possui instrumentos econômicos capazes de pressionar governos violadores.
O coanfitrião Bert-Jan Ruissen (ECR) pediu que a concessão de benefícios comerciais do mecanismo SGP+ seja condicionada ao respeito à liberdade religiosa: “Muitos países seguem infringindo esse direito enquanto desfrutam de tarifas reduzidas. Isso precisa acabar”.
Participantes concluíram que, sem ação internacional, cristãos, muçulmanos, hindus e budistas minoritários continuarão expostos a impunidade e violência no sul da Ásia.
Com informações de Folha Gospel