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Polícia mobiliza mais de mil agentes e detém centenas de cristãos na província de Zhejiang, na China

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Uma operação conduzida por mais de mil policiais, membros da SWAT e unidades paramilitares atingiu pelo menos 12 igrejas na cidade de Yayang, província de Zhejiang, resultando na detenção de centenas de cristãos ao longo de cinco dias, segundo a organização de direitos humanos ChinaAid.

A primeira onda de batidas ocorreu antes do amanhecer de segunda-feira e envolveu agentes deslocados de diversos distritos de Zhejiang, incluindo Hangzhou e Pingyang. Moradores relataram que, somente nos dois primeiros dias, centenas de pessoas foram levadas sob custódia; outras quatro prisões foram confirmadas até 17 de dezembro.

Durante a ação, equipes da SWAT isolaram as vias que cercam as igrejas, impediram a entrada dos fiéis e confiscaram pertences dos alvos. A presença policial permaneceu ostensiva por toda a área ao longo da operação. As autoridades não divulgaram qualquer comunicado oficial.

Informações suprimidas e fogos de artifício

Moradores afirmam que publicações sobre a repressão foram rapidamente apagadas das redes sociais e que a comunicação local sofreu fortes restrições. Na noite de 15 de dezembro, um espetáculo de fogos de artifício avaliado em mais de 1 milhão de yuans (aproximadamente US$ 142 mil) foi realizado na praça central. Sem eventos festivos previstos, a população interpretou a exibição como tentativa de desviar a atenção das prisões. Vídeos do show circularam acompanhados de slogans governamentais como “Ouçam o Partido, sigam o Partido”. Comentários que vinculavam os fogos às batidas policiais foram removidos.

Líderes religiosos entre os principais alvos

Dois nomes se destacaram na lista de procurados: Lin Enzhao, de 58 anos, e Lin Enci, de 54. Considerados figuras influentes na comunidade cristã local, ambos foram classificados pelas autoridades como líderes de uma “organização criminosa” e tiveram recompensas oferecidas por informações que levassem à captura. A acusação formal apresentada foi “incitar brigas e tumultos”, tipificação frequentemente usada em processos políticos na China.

Moradores afirmam que Lin Enzhao e Lin Enci já haviam sido alvo de perseguição por se posicionarem contra a remoção de cruzes de edifícios religiosos e por resistirem à instalação de bandeiras nacionais dentro das igrejas. Um episódio citado ocorreu em junho, quando o prefeito de Yayang teria liderado a retirada de portões e muros de uma igreja para hastear a bandeira chinesa no local.

Contexto de repressão contínua

Desde 2014, a província de Zhejiang conduz uma campanha para remover cruzes de templos cristãos, medida que tem provocado resistência em cidades como Yayang. Em 2017, confrontos foram registrados depois que fiéis se recusaram a permitir a instalação de câmeras de vigilância nas igrejas.

As tensões se intensificaram com a política nacional conhecida como “Cinco Entradas e Cinco Transformações”, que obriga instituições religiosas a exibir a Constituição, leis e slogans do Partido, além de adequar práticas de culto às diretrizes estatais.

Exibição de força e acusações criminais

Após as prisões em massa, Yayang sediou em 18 de dezembro um comício denominado “Eliminação dos Seis Males”, onde veículos policiais, equipes da SWAT e tropas de choque foram apresentados à população para reforçar o discurso oficial de combate ao crime. Moradores relataram que policiais posicionados perto de residências cristãs orientavam vizinhos a acusarem líderes detidos de irregularidades financeiras.

A ChinaAid estima que mais de 20 pessoas possam ter sido formalmente acusadas, mas o número exato de detidos permanece desconhecido.

Casos anteriores

Em setembro, ao menos 70 cristãos foram presos em outra operação contra igrejas não registradas, com acusações que variaram de fraude a reunião ilegal, segundo a organização Portas Abertas. Na ocasião, mais de 80 grupos religiosos suspenderam atividades.

Até o momento, nenhuma evidência adicional sobre as acusações em Yayang foi divulgada publicamente, e as autoridades chinesas seguem em silêncio sobre a operação.

Com informações de Folha Gospel