Um relatório de 125 páginas do Escritório para Instituições Democráticas e Direitos Humanos (ODIHR), órgão da Organização para a Segurança e Cooperação na Europa (OSCE), indica que agressões contra cristãos em todo o continente vêm sendo minimizadas, pouco registradas ou mesmo ignoradas pelas autoridades.
Apresentado no início deste mês durante a Conferência da Dimensão Humana, em Varsóvia, o documento reúne casos de vandalismo, pichações, ataques físicos e assassinatos ligados à intolerância religiosa. Congregações relataram a necessidade de reforçar a segurança diante do aumento da ameaça.
Segundo os autores, tensões inter-religiosas estão entre os principais fatores dos crimes de ódio anticristãos. Narrativas extremistas classificam o cristianismo como fé rival ou adversária, fomentando a violência. O relatório cita casos em que cristãos são rotulados de “infiéis” que devem ser subjugados por grupos extremistas.
Um episódio de 2023 no Reino Unido ilustra o cenário: um muçulmano convertido ao cristianismo foi esfaqueado pelo colega de casa, que gritava “Allahu Akbar”. O promotor do caso afirmou que, ao descobrir a conversão, o agressor passou a considerar a vítima alguém que “merecia morrer”. Mulheres que abandonam o islamismo para seguir o cristianismo seriam ainda mais vulneráveis a retaliações de familiares, incluindo agressões físicas e ameaças.
O documento ressalta que discursos políticos e comentários na esfera pública têm contribuído para perpetuar estereótipos anticristãos. Para reverter o quadro, o ODIHR recomenda:
- Campanhas governamentais para esclarecer as características do preconceito anticristão;
- Elaboração de políticas e leis de proteção específicas;
- Refôrço de medidas de segurança em datas como o Natal;
- Compromisso da mídia em veicular informações precisas e imparciais sobre o tema.
“Crimes de ódio anticristãos não ocorrem no vácuo; todos têm papel na construção de um ambiente de respeito mútuo”, pontua o texto, que também pede mais pesquisas sobre a intolerância religiosa no continente.
Com informações de Folha Gospel