Oito das 16 crianças retiradas do orfanato cristão Du Merci, na Nigéria, em dezembro de 2019, foram libertadas nesta quarta-feira, após mais de quatro anos sob cuidado do governo do estado de Kano. A liberação ocorreu um dia depois de uma das meninas apresentar colapso mental e tentar voltar sozinha para a instituição original, segundo informações da organização Christian Solidarity Worldwide (CSW).
As crianças estavam abrigadas no Nasarawa Children’s Home, mantido pelo governo em Kano, desde as operações policiais e da agência antitráfico realizadas em 25 e 31 de dezembro de 2019 nos estados de Kano e Kaduna. Na ocasião, 27 menores foram retirados das instalações; 16 foram transferidos para o orfanato estatal.
Após a soltura, os oito menores reencontraram os pais adotivos, o professor Solomon Musa Tarfa e a esposa, cofundadores da Du Merci, na residência da família no estado de Plateau.
Processo judicial em andamento
As outras oito crianças continuam sob custódia do governo. A liberação depende da análise do procurador-geral de Kano de uma sentença de consentimento do Tribunal Superior estadual, que determinou a devolução de todos os 16 menores aos Tarfa até 19 de março de 2025.
Entre os que permanecem retidos, três foram transferidos em janeiro de 2021 para uma instalação em área remota, supostamente ligada a um ex-governador de Kano. Segundo a CSW, eles teriam sido obrigados a recitar orações em árabe, frequentar mesquita, estudar o Alcorão e tiveram os nomes alterados.
Antecedentes do caso
O professor Tarfa foi preso em dezembro de 2019 e ficou cerca de um ano em detenção preventiva. Em junho de 2021, foi absolvido da acusação de sequestro de 19 crianças e, em 2023, inocentado da suposta falsificação do certificado de registro do orfanato.
Imagem: Canva
Em 2021, o Grupo de Trabalho das Nações Unidas sobre Detenção Arbitrária concluiu que as 16 crianças e Tarfa foram detidos sem base legal, recomendando libertação imediata e reparações.
Casos semelhantes
Agentes da mesma agência antitráfico também retiraram oito crianças de um orfanato em Asaba, estado do Delta, enquanto a fundadora participava de um culto. As crianças, identificadas como cristãs igbo que não falavam hausa, foram levadas para o Nasarawa Children’s Home. Há relatos de mudança de nomes e obrigação de frequentar mesquita, acusa a CSW. A agência nega ter recebido questionamentos oficiais sobre o caso.
O casal Tarfa agradeceu ao advogado que atuou na libertação parcial, mas iniciou petição para obter o retorno das demais crianças, alegando preocupação com sua segurança e bem-estar.
Com informações de Folha Gospel
