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Líderes cristãos temem que veto à “terapia de conversão” torne pregação ilegal no Reino Unido

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Vinte e quatro líderes cristãos de diferentes denominações enviaram uma carta à ministra da Igualdade do Reino Unido, Olivia Bailey, alertando que o plano do Partido Trabalhista de proibir a chamada “terapia de conversão” pode criminalizar práticas centrais da fé cristã.

O documento, organizado pela campanha Let Us Pray em parceria com o The Christian Institute, foi tornado público nesta semana. Nele, os signatários afirmam que a proposta de lei pretende abranger desde aconselhamento pastoral até orações, o que, segundo o grupo, colocaria em risco a liberdade de pais, líderes religiosos e fiéis para discutir temas de sexualidade e gênero.

Os líderes argumentam que “ensino cristão tradicional” sobre casamento e ética sexual poderia ser enquadrado como prática proibida. Também ressaltam preocupação com possíveis restrições a orientações de pais a filhos que manifestem dúvidas sobre identidade de gênero e a procedimentos médicos irreversíveis.

Para o porta-voz do The Christian Institute, o Partido Trabalhista ainda não apresentou um texto juridicamente viável. Ele lembrou que Bailey, em conferência recente, prometeu empenho na redação do projeto, mas disse ser “impossível” compatibilizar a medida com direitos humanos já existentes.

Tramitação e posicionamentos

O Partido Trabalhista relançou em 2024 o Escritório para a Igualdade e Oportunidades, comprometendo-se com uma proibição “total e inclusiva” que cubra também pessoas trans. O manifesto trabalhista garante proteger o direito de cada indivíduo explorar livremente orientação sexual e identidade de gênero.

Em 2017, o Sínodo Geral da Igreja da Inglaterra pediu a proibição da terapia de conversão. Em nota recente, a denominação reafirmou oposição a práticas coercitivas, mas sem comentar os temores levantados pelos autores da carta.

Dados e próximos passos

Segundo pesquisa do governo britânico de 2018 sobre a população LGBT, 5% dos entrevistados relataram ter recebido oferta de terapia de conversão e 2% disseram já tê-la realizado. As práticas mencionadas vão de abordagens por meio de oração a métodos mais severos, como privação de alimentos e abuso físico.

O The Christian Institute informou que o governo trabalhista discute o tema com o Partido Nacional Escocês (SNP) para alinhar eventuais legislações. A Escócia suspendeu seu próprio projeto em setembro de 2024, mas a ministra da Igualdade do SNP, Kaukab Stewart, avisou que poderá apresentar nova proposta na próxima sessão parlamentar caso o texto britânico “não vá suficientemente longe”.

A publicação da minuta de lei para Inglaterra e País de Gales é aguardada “muito em breve”, segundo o instituto, após decisão da Suprema Corte que definiu “sexo” na Lei da Igualdade como sexo biológico.

Com informações de Folha Gospel