Defensores da liberdade religiosa advertiram, em uma cúpula realizada na terça-feira (data não informada), que a Nigéria pode registrar outro grande ataque contra cristãos no período de Natal. O alerta ecoa o massacre ocorrido em dezembro de 2023, que deixou mais de 160 mortos no estado de Plateau.
O encontro, batizado de Cúpula de Emergência sobre Crimes contra Cristãos, ocorreu no Capitólio, em Washington (EUA), e reuniu parlamentares norte-americanos, pesquisadores e ativistas. Entre os participantes estavam a defensora Gia Chacon (For the Martyrs), o senador Josh Hawley (R-Missouri), os deputados Chris Smith (R-Nova Jersey) e Marlin Stutzman (R-Indiana), além de Mark Walker, indicado pelo ex-presidente Donald Trump para o cargo de embaixador itinerante para liberdade religiosa internacional. O artista gospel Sean Feucht, líder do ministério Light a Candle, foi um dos anfitriões.
Alertas ignorados
Judd Saul, fundador da organização Equipping the Persecuted, relatou que seu grupo criou em 2019 o site TruthNigeria.com para monitorar a violência religiosa. Segundo ele, desde 2023 foram emitidos mais de 100 alertas de terrorismo, com 89% de precisão, mas todos teriam sido ignorados pelo governo nigeriano.
“Temos informações de que militantes fulanis estão se concentrando nas fronteiras de Nasarawa com Plateau, Benue e Kaduna para atacar vilarejos, entre eles Bokkos, Barkin Ladi, Riyom, Agatu e Kafanchan, tudo no Natal”, afirmou Saul. “Eles estão planejando outro massacre de Natal.”
Massacre em Yelwata
Franc Utu, pesquisador da Universidade Central de Oklahoma e ex-assessor do governador de Benue, descreveu o ataque de 13 e 14 de junho de 2025 a sua aldeia, Yelwata. De acordo com ele, jihadistas islâmicos mataram 278 pessoas em quatro horas. Entre as vítimas estavam seu sobrinho de dois anos, encontrado carbonizado nos braços da mãe, e sua irmã, morta com extrema brutalidade.
Utu afirmou que serviços de inteligência haviam previsto o ataque e alertado o governo com antecedência. “Se eu estivesse lá, também teria sido assassinado, porque sou voz dos cristãos perseguidos na Nigéria há mais de 10 anos”, declarou.
Números da perseguição
Dados apresentados na cúpula apontam que:
- Mais de 7.000 cristãos foram mortos na Nigéria apenas em 2025;
- Mais de 19.000 igrejas foram incendiadas ou destruídas desde 2009;
- Somente na comunidade de Utu, 500 pessoas morreram entre junho e dezembro deste ano e 500 igrejas foram destruídas.
Os palestrantes atribuem a escalada da violência à infiltração de jihadistas em setores do governo, das Forças Armadas e da política nigeriana. Utu pediu intervenção militar internacional, alegando que “as pessoas que chefiam o governo em muitas áreas são financiadoras” dos grupos armados.
Em meio à pressão, o ex-presidente Donald Trump incluiu a Nigéria na lista de “países de preocupação particular” no início deste ano, citando “ameaça existencial” aos cristãos.
Os participantes da cúpula concluíram que a comunidade internacional precisa agir rapidamente para evitar uma nova tragédia nas festas de fim de ano.
Com informações de Folha Gospel