Maan Shaukat Masih, cristão de 25 anos e residente da Colônia Nishat, em Lahore, foi libertado sob fiança em 8 de setembro de 2025, menos de 24 horas depois de se entregar à polícia por acusações de blasfêmia.
Segundo o grupo de assistência jurídica HARDS Paquistão, Masih foi acusado por vizinhos muçulmanos de rasgar uma faixa com nomes de personagens sagrados do islamismo, instalada na rua para a celebração do Eid Milad-Un-Nabi, aniversário do profeta Maomé. Temendo retaliações contra a comunidade cristã local, a família decidiu entregá-lo voluntariamente à Delegacia de South Cantt em 7 de setembro.
Horas após a rendição, a polícia registrou boletim de ocorrência com base no artigo 298 do Código Penal paquistanês, que pune ofensas a sentimentos religiosos com até um ano de prisão, multa ou ambos. O caso foi aberto a partir de queixa apresentada por Shafique Ahmed, morador muçulmano da mesma região.
No dia 8, o acusado compareceu ao tribunal do magistrado Ghulam Shabbir, em Lahore Cantt. Embora o investigador solicitasse detenção preventiva, o juiz concedeu liberdade sob fiança mediante pagamento de 50 000 rúpias paquistanesas (aproximadamente US$ 177). De acordo com Sohail Habil, da HARDS, a rapidez da decisão é considerada incomum em processos de blasfêmia no país.
Após a soltura, Masih foi levado a local não divulgado por motivos de segurança. Ele relatou ao Christian Daily International – Morning Star News ter ficado “chocado” com a acusação: “Quando o juiz ordenou minha libertação, não consegui expressar a alegria que senti naquele momento”.
A concessão de fiança ocorre em meio a crescente tensão religiosa em Lahore. Semanas antes, outro morador, Amir Peter, também cristão, fora detido por suposto desrespeito ao profeta do Islã.
A blasfêmia é crime passível de pena de morte no Paquistão, embora nenhuma execução tenha sido registrada pelo Estado. Ainda assim, meras suspeitas têm resultado em violência de multidões. Relatório da Human Rights Watch, publicado em 9 de junho, afirma que a legislação é “sistematicamente usada” para perseguir minorias, desapropriar pessoas pobres e resolver disputas particulares.
O país ocupa a oitava posição na Lista Mundial da Perseguição 2025, elaborada pela organização Portas Abertas, que aponta os 50 locais mais hostis à prática do cristianismo.
Com informações de Folha Gospel