Brasília — 6 de agosto de 2025
O presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), enfrentou novos embates com parlamentares da direita na noite desta quarta-feira (6) ao tentar abrir sessão presencial para retomar as votações. O ato marcou o segundo dia de ocupação dos plenários da Câmara e do Senado, iniciada em protesto contra a prisão domiciliar do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).
O que motivou o impasse
Oposição e aliados de Bolsonaro condicionam o fim da obstrução física a três pautas:
- votação de anistia aos presos de 8 de janeiro de 2023;
- colocação em pauta do impeachment do ministro do STF Alexandre de Moraes;
- aprovação da PEC que extingue o foro privilegiado.
Como foi a tentativa de sessão
Motta chegou ao plenário da Câmara por volta das 20h30 e iniciou negociação com deputados que ocupavam a Mesa Diretora. A hipótese de suspender parlamentares envolvidos na manifestação e acionar a Polícia Legislativa foi levantada, mas não avançou. Durante a tarde, a Presidência da Câmara havia restringido o acesso da imprensa ao local; a liberação só ocorreu às 22h.
Devido à ocupação, líderes governistas cogitaram transferir a sessão para o Auditório Nereu Ramos. O plano foi bloqueado após aviso do líder do PL, Carlos Jordy (PL-RJ), que mobilizou correligionários para também ocupar o auditório.
Senado opta por sessão virtual
No Senado, o presidente Davi Alcolumbre (União-AP) convocou sessão remota para quinta-feira (7) com objetivo de garantir a continuidade dos trabalhos. O senador declarou que “não aceitará intimidações nem tentativas de constrangimento”.
Enquanto isso, senadores de oposição — Magno Malta (PL-ES), Izalci Lucas (PL-DF) e Damares Alves (Republicanos-DF) — permaneceram acorrentados à Mesa Diretora, reforçando a pressão pela análise do pedido de impeachment de Moraes. Segundo o líder do PL no Senado, Carlos Portinho (RJ), o grupo já conta com 40 das 41 assinaturas necessárias para protocolar o processo.
Apoios e articulações
Além dos 87 deputados e 14 senadores do PL, a obstrução tem adesão do Novo. União Brasil e Progressistas instruíram suas bancadas a não registrar presença, mas pediram “diálogo” em nota assinada pelos presidentes Antônio de Rueda (União) e Ciro Nogueira (PP). O PL também busca apoio dos líderes do Republicanos, Marcos Pereira, e do PSD, Gilberto Kassab.
Declarações dos envolvidos
• Sóstenes Cavalcante (PL-RJ), líder do partido na Câmara: “Estamos em obstrução total na Câmara e no Senado e não vamos recuar enquanto não houver caminhos para a pacificação.”

Imagem: Wesley Oliveira via gazetadopovo.com.br
• Luciano Zucco (PL-RS), líder da oposição: “Não sairemos do plenário até que haja diálogo mais franco e propositivo.”
• Lindbergh Farias (PT-RJ), líder do governo na Câmara: “Se o presidente voltar ao plenário, ele tem autoridade; os ocupantes terão de se levantar.”
• Davi Alcolumbre: “O Parlamento não será refém de ações que visem desestabilizar seu funcionamento.”
Próximos passos
Com a manutenção da ocupação e a falta de acordo, votações de projetos previstos para esta semana seguem suspensas. A oposição promete permanecer no plenário “sem Dia dos Pais e sem fim de semana”, enquanto os presidentes das Casas buscam alternativas para retomar as atividades.
Não há, até o momento, previsão de nova rodada de negociações entre Hugo Motta e os líderes oposicionistas.
Com informações de Gazeta do Povo