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Mensagens de ex-assessor de Moraes apontam temor e uso do TSE em inquéritos do STF

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Brasília – Conversas obtidas pela Gazeta do Povo revelam que Eduardo Tagliaferro, ex-assessor de Alexandre de Moraes no Tribunal Superior Eleitoral (TSE), temia represálias do ministro e relatava o suposto emprego da estrutura da Corte Eleitoral para embasar apurações conduzidas por Moraes no Supremo Tribunal Federal (STF).

Os diálogos foram anexados a inquérito da Polícia Federal e ficaram disponíveis para consulta pública até abril de 2025, quando a corporação retirou os arquivos da internet. No material, Tagliaferro escreveu à esposa, em 31 de março de 2024: “Se eu falar algo, o Ministro me mata ou me prende”. Na mesma data, registrou o desejo de revelar o que presenciou em Brasília: “Antes de eu morrer, tenho que contar tudo de Brasília”.

Estrutura do TSE citada

De acordo com as mensagens, Moraes teria solicitado relatórios ao então chefe da Assessoria Especial de Enfrentamento à Desinformação (AEED) para subsidiar decisões no STF que resultaram na remoção de publicações e suspensão de perfis em redes sociais, especialmente de comentadores alinhados ao ex-presidente Jair Bolsonaro.

Planos de deixar o país

Outra troca de mensagens, divulgada pelo jornal, mostra Tagliaferro conversando por videochamada com o jornalista Oswaldo Eustáquio. Durante o diálogo, Eustáquio sugeriu alternativas para o ex-assessor permanecer fora do Brasil. Tagliaferro demonstrou preocupação com o sustento da família e mencionou possível apoio do ex-secretário de Comunicação do governo Bolsonaro Fábio Wajngarten para se transferir aos Estados Unidos, além da hipótese de trabalhar para o empresário Elon Musk. Wajngarten negou qualquer contato.

Apuração da PF e indiciamento

A Polícia Federal quebrou o sigilo telemático do casal Tagliaferro durante investigação sobre vazamento de conversas internas do TSE. Em abril de 2025, o perito foi indiciado por violação de sigilo funcional, suspeito de ter repassado à imprensa as mensagens que mostravam ordens informais de Moraes. A defesa contesta a acusação e levanta a possibilidade de que o material tenha sido divulgado pela Polícia Civil ou pela Secretaria de Segurança Pública de São Paulo.

Tagliaferro foi exonerado em 9 de maio de 2023, um dia após ser preso por causa de um disparo acidental de arma de fogo durante desentendimento com a ex-mulher. Na mesma data, seu celular foi apreendido pela Polícia Civil paulista e devolvido quase uma semana depois. A PF não esclareceu por que o aparelho permaneceu retido nesse período.

Mensagens de ex-assessor de Moraes apontam temor e uso do TSE em inquéritos do STF - Imagem do artigo original

Imagem: Alejandro Zambrana via gazetadopovo.com.br

Novas revelações prometidas

Em entrevista concedida em 30 de julho de 2025 aos jornalistas Allan dos Santos, Ernesto Lacombe e Max Cardoso, Tagliaferro afirmou preparar documentos relativos às eleições de 2022. Segundo ele, os materiais, guardados dentro e fora do país, só serão divulgados depois que sua família estiver em segurança. O ex-assessor declarou ter sofrido tentativas de invasão digital e pressões para apagar arquivos.

Atualmente fora do Brasil, Tagliaferro diz planejar viagem aos Estados Unidos, onde pretende tornar públicas as informações preservadas.

Com informações de Gazeta do Povo