Brasília — O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou, em entrevista publicada nesta quarta-feira (30), pelo jornal norte-americano The New York Times, que o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, “se me conhecesse, saberia que sou 20 vezes melhor que Jair Bolsonaro”. A declaração ocorre a dois dias da entrada em vigor da tarifa de 50% sobre importações brasileiras anunciada pela Casa Branca.
Lula classificou a medida como violação da soberania brasileira e acusou Trump de utilizar a relação comercial entre os países para fins políticos, relacionando a sobretaxa ao processo judicial que envolve o ex-presidente Bolsonaro. “É nisso que espero que ele reflita”, disse o petista.
Tentativas de diálogo
Segundo o presidente, o Planalto procurou agendar conversas com Washington, sem sucesso. “Pedi para entrar em contato. Designei meu vice-presidente, meu ministro da Agricultura e meu ministro da Economia para conversar com seus homólogos e entender possibilidades de diálogo. Até agora, não foi possível”, declarou.
Lula contou que soube oficialmente da tarifa apenas após publicação de Trump em 9 de julho. “O tom da carta é definitivamente o de alguém que não quer conversar”, avaliou, acrescentando que espera “civilidade” na relação bilateral.
“Não vamos abaixar a cabeça”
O presidente disse não ter medo do impacto econômico, apesar de admitir preocupação: “Isso não se resolve estufando o peito e gritando sobre coisas que não se pode realizar, nem abaixando a cabeça e dizendo ‘amém’ a tudo o que os Estados Unidos desejam”.
Bolsonaro e a Justiça
Ao comentar o processo contra o ex-mandatário, Lula afirmou que Bolsonaro “está sendo julgado com pleno direito de defesa” e que as populações dos dois países não devem arcar com custos maiores por causa de disputas políticas.

Imagem: Isabella de Paula via gazetadopovo.com.br
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Questionado sobre alternativas, o chefe do Executivo ressaltou a “relação extraordinária” com a China e disse que o Brasil venderá “para quem quiser comprar” e pagar melhor. “Se Estados Unidos e China quiserem uma Guerra Fria, não aceitaremos”, concluiu.
Até esta quarta-feira, Lula e Trump não haviam conversado diretamente sobre a tarifa, que passa a valer em 1.º de agosto.
Com informações de Gazeta do Povo