O jurista Ives Gandra Martins afirmou que a atual crise comercial entre Brasil e Estados Unidos foi acelerada pelos “discursos agressivos” do presidente Luiz Inácio Lula da Silva contra o chefe da Casa Branca, Donald Trump. Em artigo publicado em 3 de agosto de 2025, ele lembrou a observação do ex-presidente português Mário Soares de que “o povo come pão, não ideologia” para defender a necessidade de diálogo.
Martins contou ter dividido uma palestra em um curso de férias da Universidade de Coimbra, realizado em parceria com o Parlamento Europeu, ao lado de Soares. Segundo o jurista, durante o almoço que se seguiu à apresentação, sua esposa, a advogada Ruth Vidal da Silva Martins, perguntou a Soares como ele conciliava ideias socialistas com a Presidência de Portugal. A resposta teria sido: “Minha senhora, o povo come pão, não come ideologia”.
Crítica à política externa brasileira
Para Ives Gandra Martins, o mesmo princípio deveria orientar as relações internacionais do Brasil. Ele sustenta que os pronunciamentos de Lula provocaram retaliação tarifária dos EUA, que fixaram uma alíquota de 50% sobre produtos brasileiros. Na avaliação do jurista, a medida coloca em risco a economia de um país com PIB de US$ 2,1 trilhões diante de uma nação cuja produção anual gira em torno de US$ 30 trilhões.
Martins fez comparação com a Argentina, onde o presidente Javier Milei não sofreu sanções semelhantes e, segundo ele, até obteve “benefícios” em tarifas por manter tom mais amistoso com Washington.
Empresários buscam solução
O jurista relatou conversas com empresários brasileiros que tentam, por conta própria, convencer o governo norte-americano a rever a sobretaxa. Ele defende que o tema seja tratado “exclusivamente como questão econômica” e reitera que não há ameaça à soberania nacional.

Para Martins, a saída está em restaurar o diálogo previsto no artigo 170 da Constituição, que estabelece a livre iniciativa como um dos fundamentos da ordem econômica brasileira.
Com informações de Revista Oeste