A jornalista chinesa Zhang Zhan, 42 anos, foi condenada na última sexta-feira (19) a mais quatro anos de prisão pelo tribunal de Xangai, acusada de “provocar brigas e criar distúrbios”.
Zhang já havia sido sentenciada em 2020 pelo mesmo crime, depois de publicar vídeos que mostravam hospitais lotados e ruas vazias em Wuhan durante o surgimento da Covid-19. Libertada em maio de 2024, ela voltou a ser detida poucos meses depois.
Base da nova acusação
Segundo a organização Repórteres Sem Fronteiras (RSF), o processo se fundamentou em comentários feitos por Zhang em sites estrangeiros, mas as autoridades não esclareceram quais publicações motivaram a denúncia.
Reações internacionais
A RSF classificou o caso como mais um exemplo da repressão contra vozes críticas. “Ela deveria ser celebrada como heroína da informação, não mantida em condições brutais”, afirmou a porta-voz Aleksandra Bielakowska.
O Escritório de Direitos Humanos da ONU considerou a situação “profundamente perturbadora”. O porta-voz Jeremy Laurence criticou o uso de uma lei “vaga e mal definida” e pediu libertação imediata e incondicional.
A Anistia Internacional também condenou a sentença. Para Sarah Brooks, diretora da entidade para a China, a decisão “trai” o compromisso declarado de Pequim com o Estado de Direito. A organização cobra a anulação da pena e acesso da jornalista a advogado, família e cuidados médicos adequados.
Histórico de saúde e assédio
Durante a primeira prisão, Zhang fez greve de fome, chegou a pesar 37 quilos e foi alimentada à força. Familiares e advogados relataram assédio constante, dificultando a divulgação de informações sobre seu estado atual.
Contexto da imprensa na China
De acordo com a RSF, 124 jornalistas estão presos no país, que ocupa a 178ª posição entre 180 no Índice de Liberdade de Imprensa de 2025. O caso de Zhang é citado pela entidade como prova da disposição do governo chinês em silenciar críticos.
Com informações de Gazeta do Povo