Berlim, 14 dez. 2025 – O presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, declarou neste domingo que ainda não recebeu resposta oficial dos Estados Unidos às contrapropostas apresentadas por Kiev para um acordo que encerre a guerra contra a Rússia. A declaração foi feita horas antes de novas rodadas de negociação na capital alemã.
Zelensky considera o texto encaminhado por Washington “injusto” por, segundo ele, impor “muitas concessões ao país que foi invadido”. O chefe de Estado disse ter enviado ajustes que ofereçam “garantias reais de segurança” e impeçam Moscou de retomar a ofensiva futuramente.
Segurança ao estilo Otan
Questionado sobre que tipo de salvaguarda busca, Zelensky afirmou que a “proteção ideal” seria a entrada da Ucrânia na Otan. Reconhecendo a resistência de alguns membros da aliança, o líder ucraniano disse aceitar um pacto de defesa mútua com Estados Unidos e países europeus, inspirado no Artigo 5º do tratado da Otan, que trata um ataque a um membro como agressão a todos.
Críticas de Trump
O ex-presidente norte-americano Donald Trump disse recentemente que Zelensky “é o único que não gosta” do plano de paz proposto por Washington. Em resposta, o ucraniano lembrou que a guerra começou com a invasão russa e reiterou que qualquer entendimento deve ser “acima de tudo justo” para Kiev. Para Zelensky, pressão americana sobre Moscou poderia levar o presidente russo, Vladimir Putin, a ceder pontos-chave.
Memórias de Budapeste
Zelensky citou o Memorando de Budapeste, de 1994, quando a Ucrânia renunciou ao arsenal nuclear herdado da União Soviética em troca de promessas de respeito à sua soberania – compromissos rompidos pela invasão de 2022. “Precisamos de força, não de honestidade em papel”, afirmou.
Impasse sobre retirada de tropas
A proposta americana sugere que forças ucranianas se retirem de áreas da região de Donetsk. Para o presidente, a medida é “injusta” enquanto tropas russas permaneceriam em territórios ocupados. Ele defende cessar-fogo que congele todas as posições atuais enquanto a diplomacia busca solução definitiva.
As conversas em Berlim devem prosseguir ao longo da semana, mas Kiev mantém a exigência de que qualquer documento inclua mecanismos de segurança considerados “imediata e efetivamente aplicáveis”.
Com informações de Gazeta do Povo