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Sob pressão dos EUA, Venezuela recorre à China e mapeia aliados militares na região

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O governo de Nicolás Maduro intensificou contatos diplomáticos com Pequim em meio à escalada de tensão com os Estados Unidos no mar do Caribe. Na quarta-feira (17), o chanceler venezuelano, Yván Gil, recebeu o embaixador da China em Caracas, Lan Hu, para “aprofundar a aliança estratégica” entre os dois regimes.

No dia seguinte, o porta-voz da chancelaria chinesa, Lin Jian, classificou China e América Latina como “bons amigos e parceiros em pé de igualdade” e acusou Washington de exercer “coerção” na região.

Os atritos se intensificaram após ataques norte-americanos a embarcações venezuelanas no Caribe. Como resposta, o ministro da Defesa, Vladimir Padrino, anunciou exercícios conjuntos de ar, mar e terra com mais de 2,5 mil militares durante três dias na ilha de La Orchila.

Maduro vem pedindo “mobilização internacional” de parceiros do chamado “Eixo do Mal” — Irã, Rússia e China — que, nos últimos anos, fornecem equipamentos e tecnologia ao país sul-americano.

China

Pequim é hoje o principal investidor externo na América Latina, com presença destacada em Nicarágua, Chile, Bolívia, Venezuela, Cuba e Brasil. Autoridades americanas apontam que parte dessas iniciativas integra o “Projeto 141”, programa de ampliação da capacidade de monitoramento global do Exército de Libertação Popular (ELP).

A Nicarágua, governada por Daniel Ortega, assinou em maio acordos militares, tecnológicos e comerciais em larga escala com a China. Em Cuba, especialistas relatam bases de espionagem chinesa; já na Argentina, a general Laura Richardson, do Comando Sul dos EUA, discutiu em 2024 a situação de uma instalação administrada pela Agência Chinesa de Controle de Satélites (CLTC) no sul do país.

A própria Venezuela aprofunda cooperação militar e energética com Pequim e, nesta semana, buscou apoio direto para conter ações norte-americanas.

Rússia

A relação entre Vladimir Putin e Nicolás Maduro ganhou notoriedade em 2019, quando a agência Reuters revelou a presença de mercenários do Grupo Wagner em Caracas durante protestos antigoverno.

Nesta quinta-feira (18), a Assembleia Nacional venezuelana aprovou em primeira votação um tratado de “associação estratégica e cooperação” com Moscou. O texto prevê diálogo político de alto nível e reforça compromissos de “respeito à soberania”.

Influência russa também é identificada na Nicarágua, Bolívia e Brasil. Em junho de 2024, investigação da Polícia Federal brasileira — divulgada pelo The New York Times — apontou o país como ponto de passagem para agentes secretos russos antes de missões na Europa, Estados Unidos ou Oriente Médio.

Irã

Com foco na Venezuela, o Irã tem ampliado acordos comerciais e militares. Em fevereiro de 2025, os dois governos fecharam parceria “estratégica” que inclui transferência de tecnologia e treinamento em inteligência artificial.

Dados do Instituto Internacional de Pesquisa para a Paz de Estocolmo (Sipri) indicam que Caracas foi o segundo maior comprador de armamentos iranianos entre 2020 e 2024, período em que Moscou concentrou esforços na guerra da Ucrânia.

Enquanto Washington reforça operações no Caribe, Caracas aposta nessas três potências para manter apoio político, militar e tecnológico na América Latina.

Com informações de Gazeta do Povo