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Unidade militar depõe presidente de Madagascar e anuncia governo provisório após fracasso em dissolver Parlamento

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Uma facção do Exército de Madagascar derrubou o presidente Andry Rajoelina e declarou a suspensão da Constituição nesta terça-feira (14), horas depois de a Assembleia Nacional votar sua destituição. O movimento é liderado pelo Corpo de Administração de Pessoal e Serviços do Exército de Terra (CAPSAT), que já havia participado de um golpe em 2009.

No Palácio Ambotsirohitra, sede do governo em Antananarivo, o coronel Michael Randrianirina afirmou que um conselho formado por Exército, Gendarmaria e polícia nacional assumirá as funções de chefe de Estado por até dois anos. Segundo ele, civis poderão integrar o grupo “nos próximos dias”, e um referendo constitucional está previsto para o período de transição.

Randrianirina confirmou ainda a suspensão do Senado, do Tribunal Constitucional e do Tribunal Superior de Justiça. Apenas a Assembleia Nacional manterá as atividades legislativas.

Destituição relâmpago

A queda de Rajoelina ocorreu depois que 130 dos 131 deputados presentes (de um total de 163) aprovaram sua remoção. O presidente, de centro-esquerda, havia tentado impedir a votação com um decreto que dissolvia o Parlamento, mas o documento foi considerado inválido por não conter selo oficial nem assinatura autenticada.

Rajoelina admitiu na segunda-feira (13) ter deixado o palácio e se refugiado em “lugar seguro” para preservar a própria vida. Seu paradeiro não foi revelado, mas aliados sugerem que ele possa ter deixado o país.

Protestos e adesão militar

Os protestos que culminaram na crise começaram em 25 de setembro por causa de cortes frequentes de água e energia, mas rapidamente evoluíram para um movimento contra o governo, impulsionado por jovens da Geração Z. No sábado (11), unidades do CAPSAT romperam com o comando e, a bordo de veículos blindados, juntaram-se às manifestações em Antananarivo. A presidência denunciou tentativa de golpe no domingo (12).

Durante a mobilização, a facção militar pediu “desobediência” a ordens que determinassem o uso de força contra civis. Inspirados por recentes protestos juvenis no Quênia e no Nepal, os atos se tornaram os mais intensos no país em anos.

Com informações de Gazeta do Povo