Pelo menos 33% dos eleitores de origem latina que votaram no presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, nas últimas eleições afirmam que hoje se arrependem da decisão. O dado aparece em pesquisa realizada pelas organizações civis Somos Votantes e Somos PAC, divulgada em entrevista coletiva nesta sexta-feira (13), em Miami.
De acordo com o estudo, a situação econômica e promessas consideradas não cumpridas são os principais motivos desse descontentamento. A maioria dos entrevistados atribui ao Partido Republicano a responsabilidade pelo aumento do custo de vida e pela estagnação dos salários.
Popularidade em queda
O levantamento mostra que a popularidade de Trump entre latinos atingiu -26 pontos no último trimestre, contra -12 em fevereiro. A avaliação de seu governo caiu para -28, e a gestão da economia para -30, ambos os índices bem abaixo dos registrados no início do ano.
Segundo a pesquisa, independentes se tornaram “completamente relutantes” em apoiar o presidente, enquanto jovens e homens latinos — centrais para a vitória republicana em 2024 — também se distanciam. “Não é apenas um trimestre ruim, mas um colapso documentado que já dura um ano e sem perspectiva de melhora”, afirmou Melissa Morales, fundadora e presidente das duas entidades responsáveis pelo estudo.
Prioridades divergentes
Metade dos eleitores hispânicos considera inflação e custo de vida temas prioritários para a Casa Branca, mas apenas 14% acreditam que Trump e seu partido estejam focados nesses assuntos. As tarifas impostas a produtos estrangeiros, uma das políticas mais celebradas pelo governo, são vistas como onerosa por dois em cada três entrevistados, que relatam aumento de preços.
O pessimismo também se reflete na avaliação geral da economia: 68% classificam a situação como ruim e 63% acreditam que ela está piorando.
Reflexo nas eleições de 2026
Os Estados Unidos terão eleições de meio de mandato em 2026, quando toda a Câmara dos Representantes e um terço do Senado serão renovados. O desencanto da comunidade latina com Trump e o Partido Republicano, que atualmente controla ambas as casas, pode impactar o equilíbrio de forças no Congresso.
Na mesma coletiva, a organização Americans for Tax Fairness (ATF) apresentou estudo indicando que quase 5 milhões de pessoas — entre elas 1 milhão de latinos — correm o risco de perder o seguro-saúde caso não sejam mantidos os subsídios previstos na Lei de Cuidados de Saúde Acessíveis, aprovada em 2010.
Com informações de Gazeta do Povo