A União Europeia postergou a votação do acordo comercial com o Mercosul, marcada para esta sexta-feira, 19 de dezembro de 2025. O adiamento, atribuído à resistência da França e às dúvidas de última hora levantadas pela Itália, empurra a deliberação e a possível assinatura para o início de janeiro.
Diplomatas ouvidos pelas agências internacionais indicaram que o governo italiano pediu mais tempo para examinar o texto. Sem a aprovação prévia no Conselho da UE, a cerimônia de assinatura, prevista para o fim de semana, tornou-se inviável.
Os quatro países do Mercosul e a Bolívia, que integram o acordo, foram comunicados oficialmente do adiamento. Mesmo após o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que ocupa a presidência rotativa do bloco sul-americano, ameaçar abandonar as negociações caso não houvesse conclusão neste fim de semana, os governos concordaram em esperar.
Maioria qualificada ficou fora de alcance
Para avançar, o tratado precisa do apoio de pelo menos 55% dos países-membros da União Europeia, representando 65% da população do bloco. Segundo fontes europeias, esse cenário tornou-se impraticável após a França reafirmar oposição e a Itália manifestar incertezas.
Ao longo da semana, milhares de agricultores bloquearam vias próximas às sedes do Conselho Europeu e do Parlamento Europeu, em Bruxelas, protestando contra a abertura do mercado a produtos sul-americanos. Eles argumentam que as mercadorias do Mercosul não cumpririam exigências ambientais e sanitárias equivalentes às impostas aos produtores europeus.
O presidente francês, Emmanuel Macron, declarou que o texto “não pode ser assinado nas condições atuais” e defendeu a retomada das conversas em janeiro. Paris exige salvaguardas extras para o setor agrícola, incluindo regras mais rígidas para pesticidas e inspeções reforçadas nos portos do bloco.
Negociação de um quarto de século
Debatido há mais de 25 anos, o tratado prevê a eliminação gradual de tarifas sobre a maior parte do comércio entre a União Europeia e Brasil, Argentina, Uruguai, Paraguai e Bolívia, criando um mercado potencial de 780 milhões de consumidores.
Com a votação adiada, líderes europeus e sul-americanos agora trabalham para retomar as discussões logo no início de 2026.
Com informações de Gazeta do Povo