Brasília, 25 de outubro de 2025. O ex-embaixador dos Estados Unidos no Brasil Thomas Shannon afirmou que o presidente norte-americano Donald Trump considera encerrada qualquer tentativa de interferir nos processos judiciais que envolvem Jair Bolsonaro (PL) e passou a concentrar esforços no diálogo com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
Em entrevista à BBC News Brasil, Shannon, hoje lobista do escritório Arnold & Porter, declarou que Trump “entendeu que não teria êxito” ao tentar influenciar a Justiça brasileira. “As instituições brasileiras deixaram claro que seguiriam adiante com a acusação e manteriam a inelegibilidade de Bolsonaro”, resumiu o diplomata, que chefiou a embaixada em Brasília de 2009 a 2013.
Pressão descartada
Questionado sobre pedidos para anular o julgamento do ex-presidente brasileiro, Shannon foi direto: “Sim, foram retirados”. Segundo ele, após perceber que não conseguiria alterar a situação jurídica de Bolsonaro, Trump mudou de foco. Embora ainda veja o político do PL como “amigo”, o republicano evita mencioná-lo nas conversas recentes com Lula.
Relação em “momento positivo”
Shannon avaliou que o clima bilateral melhorou desde agosto. O primeiro sinal de distensão ocorreu em setembro, durante a Assembleia Geral da ONU, quando Trump e Lula se encontraram pela primeira vez nos atuais mandatos. O ex-diplomata acredita que a reunião “quase certamente” foi planejada, ao menos pelo lado norte-americano.
Em 6 de outubro, os presidentes conversaram por telefone por cerca de 30 minutos. Na ocasião, o governo brasileiro solicitou a retirada da sobretaxa de 40% sobre produtos nacionais e o fim de restrições a autoridades do país. Dias depois, o chanceler Mauro Vieira classificou como “muito produtiva” uma reunião com o secretário de Estado Marco Rubio em Washington.
Próximo encontro na Ásia
Lula e Trump estão na Malásia para a cúpula da Associação das Nações do Sudeste Asiático (Asean). Um novo encontro entre os dois deve ocorrer no domingo, 26 de outubro, segundo previsão de assessores.
Shannon, que se aposentou do serviço diplomático em 2018, atua hoje como assessor sênior de política internacional na firma que representa o governo brasileiro nos esforços para derrubar tarifas impostas por Trump a produtos do Brasil. Para ele, o presidente dos EUA teria sido “mal informado” ao adotar as sanções, mas agora busca redefinir o relacionamento.
Com informações de Gazeta do Povo