O debate geral da 80ª Assembleia Geral das Nações Unidas começa nesta terça-feira, 23 de setembro, em Nova York. Como manda a tradição, o Brasil abre a série de discursos e, em seguida, será a vez dos Estados Unidos. O presidente norte-americano, Donald Trump, falará às Nações Unidas oito meses depois de reassumir a Casa Branca e em meio a uma ofensiva contra diversos organismos da ONU.
Desde janeiro, Washington anunciou a saída de quatro instâncias do sistema multilateral: Organização Mundial da Saúde (OMS), Conselho de Direitos Humanos da ONU, Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) e Fundo de População das Nações Unidas (Unfpa). O governo também manteve o bloqueio de recursos para a Agência das Nações Unidas de Assistência aos Refugiados da Palestina (UNRWA).
A administração Trump alega que “algumas agências se desviaram da missão original, atacam aliados dos Estados Unidos e fomentam o antissemitismo”. O Departamento de Estado avalia abandonar outros organismos internacionais. Segundo o jornal britânico The Guardian, esse movimento já faz a ONU estudar um corte de US$ 500 milhões em seu orçamento para o próximo ano e a redução de 20% do quadro de funcionários.
No fim de agosto, Washington revogou vistos de representantes da Organização para a Libertação da Palestina (OLP) e da Autoridade Palestina, impedindo sua presença física na Assembleia Geral. A justificativa foi o suposto descumprimento de compromissos firmados e o entendimento de que as ações palestinas prejudicam perspectivas de paz com Israel. Em resposta, na sexta-feira, 19 de setembro, a Assembleia aprovou resolução que autoriza o presidente da Autoridade Palestina, Mahmoud Abbas, a participar por vídeo gravado.
O desfecho desse impasse ainda é incerto. Na última vez em que discursou no plenário, em setembro de 2020, Trump expressou ceticismo em relação ao multilateralismo. “Durante décadas, as mesmas vozes propuseram soluções fracassadas em busca de ambições globais às custas do próprio povo”, declarou na ocasião. Ele concluiu defendendo que “cada nação deve colocar seus cidadãos em primeiro lugar”.
A fala desta terça-feira indicará se o governo norte-americano pretende ampliar o distanciamento da ONU ou se haverá espaço para reaproximação.
Com informações de Gazeta do Povo