O governo dos Estados Unidos anunciou nesta semana um pacote de apoio financeiro à Argentina no valor de US$ 20 bilhões, ao mesmo tempo em que aprofunda sanções e barreiras comerciais contra o Brasil. As decisões reforçam o contraste na relação da administração de Donald Trump com os presidentes Javier Milei e Luiz Inácio Lula da Silva.
Socorro a Buenos Aires
Na quarta-feira (24), o secretário do Tesouro norte-americano, Scott Bessent, detalhou um programa de linhas de swap cambial de US$ 20 bilhões para tentar estabilizar a economia argentina, em crise há anos. O anúncio ocorreu depois de um encontro em Nova York entre Trump e Milei, no qual o republicano classificou o argentino como “excelente líder” e prometeu “apoio total” à sua gestão e à reeleição em 2027.
Bessent acrescentou que empresas norte-americanas demonstraram interesse em investir em setores estratégicos da Argentina. No início da semana, o Banco Mundial já havia comunicado a liberação acelerada de US$ 4 bilhões em financiamentos público-privados para respaldar as reformas conduzidas por Milei.
Tarifas e sanções ao Brasil
Enquanto fortalece a parceria com Buenos Aires, Washington mantém a mira no Brasil. Em julho, a Casa Branca elevou tarifas sobre produtos brasileiros alegando preocupação com a situação do ex-presidente Jair Bolsonaro, condenado este mês a 27 anos de prisão. Trump afirma que o petista persegue politicamente o antecessor.
O republicano também acusa autoridades brasileiras de violar liberdades civis. Sob a Lei Magnitsky, o ministro do Supremo Tribunal Federal Alexandre de Moraes e sua esposa, Viviane Barci, foram sancionados; além disso, vistos de Moraes e de outros magistrados foram revogados em julho.
Pontos de afinidade e discordância
Trump e Milei compartilham posições na política externa, principalmente o apoio irrestrito a Israel em meio à guerra contra o Hamas e a crítica à ONU, que consideram incapaz de resolver conflitos. Lula, por sua vez, voltou a qualificar a ofensiva israelense em Gaza como “genocídio” em discurso na Assembleia Geral da ONU, na terça-feira (23).
Desde que Trump tomou posse, há oito meses, não houve conversa direta com Lula. Os dois trocaram poucas palavras nos corredores das Nações Unidas. Segundo o presidente brasileiro, eles “têm muito o que conversar” e um encontro deve ocorrer “o mais rápido possível”. Lula disse acreditar que, “quando Trump tiver a informação correta”, poderá rever as decisões contra o Brasil, mas ressaltou que a soberania nacional é “inegociável”.
Enquanto o diálogo não acontece, o contraste permanece: socorro bilionário a Buenos Aires e pressão diplomática sobre Brasília marcam a balança de prioridades da Casa Branca na América do Sul.
Com informações de Gazeta do Povo