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Trump autoriza CIA a agir na Venezuela; veja o histórico de alvos anteriores da agência

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Washington – O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, confirmou nesta quarta-feira (15) que deu sinal verde para que a Agência Central de Inteligência (CIA) realize operações secretas contra o governo de Nicolás Maduro. A permissão amplia a autonomia do serviço de inteligência para executar ações letais, sozinho ou em coordenação com as Forças Armadas norte-americanas, dentro e fora do território venezuelano.

Ao falar com jornalistas na Casa Branca, Trump afirmou que “a Venezuela está sentindo a pressão” e acusou Caracas de esvaziar presídios para enviar criminosos aos EUA. O mandatário também lembrou o deslocamento de oito navios de guerra, um submarino nuclear e caças F-35 para o Caribe, destacando que as aeronaves já destruíram embarcações ligadas a cartéis de drogas venezuelanos. “Temos o mar sob controle”, disse, sem descartar eventuais operações em solo venezuelano.

Atuação recorrente na América Latina

A autorização para a Venezuela soma-se a uma longa lista de intervenções da CIA na região:

  • Guatemala (1954) – A chamada Operação PBSUCCESS depôs o presidente Jacobo Árbenz, que promovia reforma agrária contrária aos interesses da United Fruit Company. A agência treinou rebeldes, disseminou desinformação e organizou transmissões de rádio que simulavam um levante popular.
  • Cuba (1961) – Exilados cubanos, treinados pela CIA, tentaram derrubar Fidel Castro na invasão da Baía dos Porcos. Após o fracasso, veio a Operação Mongoose, com planos de sabotagem e assassinato contra o líder comunista.
  • Brasil (1964) – Documentos indicam que a agência acompanhou de perto o movimento militar que derrubou o presidente João Goulart.
  • Guiana (década de 1960) – Para barrar o primeiro-ministro socialista Cheddi Jagan, a CIA financiou greves, campanhas oposicionistas e sindicatos anticomunistas. Jagan caiu em 1964, antes da independência do país.
  • Chile (1973) – A Operação FUBELT direcionou recursos a partidos de oposição, greves e ações econômicas que enfraqueceram o governo de Salvador Allende, deposto pelo golpe liderado por Augusto Pinochet.
  • Bolívia (1967) – Agentes norte-americanos auxiliaram o Exército local na captura e execução do guerrilheiro Ernesto “Che” Guevara.
  • Cone Sul (1975) – Informes desclassificados mostram apoio técnico e troca de informações da CIA com regimes militares de Argentina, Brasil, Chile, Uruguai, Paraguai e Bolívia para vigiar militantes de esquerda.
  • Nicaragua (anos 1980) – A agência financiou e treinou os “contras” contra o governo sandinista de Daniel Ortega.
  • El Salvador (anos 1980) – Fornecimento de inteligência e treinamento militar ao governo local no combate à guerrilha marxista FMLN, em guerra que durou mais de dez anos.

Operações além do continente

  • Irã (1953) – A Operação Ajax, em parceria com o MI6 britânico, derrubou o primeiro-ministro Mohammad Mossadegh e recolocou o xá Reza Pahlavi no poder.
  • Congo (1960) – Apoio à deposição do premiê Patrice Lumumba, que acabou executado; Mobutu Sese Seko assumiu o comando com respaldo de Washington.
  • Indonésia (1965) – Em meio ao conflito entre o presidente Sukarno e o Partido Comunista Indonésio (PKI), a CIA entregou às Forças Armadas listas de militantes, utilizadas em prisões e execuções que abriram espaço para o general Suharto.
  • Angola (1975-1991) – Financiamento de grupos rebeldes contrários ao movimento marxista MPLA durante a guerra civil, como forma de conter a influência soviética e cubana.

Com a nova autorização anunciada por Trump, a Venezuela torna-se o mais recente palco de operações da agência, que ao longo de sete décadas interferiu em governos considerados hostis aos interesses de Washington.

Com informações de Gazeta do Povo