O grupo paramilitar Forças de Apoio Rápido (RSF) anunciou, na quinta-feira, 6 de novembro, que aceitou uma trégua humanitária proposta por Estados Unidos, Egito, Arábia Saudita e Emirados Árabes Unidos. Entretanto, relatos de bombardeios em Cartum na madrugada de sexta-feira, 7, indicam que a pausa nos combates ainda não se concretizou.
A guerra civil no Sudão começou em abril de 2023 e já provocou mais de 100 mil mortes e o deslocamento de cerca de 12 milhões de pessoas, segundo a Anistia Internacional, que classifica o conflito como a maior crise humanitária do planeta neste momento.
Avanço das RSF em El Fasher
Desde maio de 2024, as RSF cercavam El Fasher, capital do estado de Darfur do Norte. A cidade caiu em poder dos paramilitares no fim de outubro, após a retirada das tropas governamentais. Imagens publicadas on-line mostram execuções em massa, estupros e saques contra civis.
Um dos episódios mais graves ocorreu no Hospital Maternidade Saudita, onde cerca de 500 pacientes e acompanhantes teriam sido assassinados. Análise de satélites da Universidade de Yale identificou valas comuns na região.
Civis em fuga e denúncias de estupro
Em sessão do Conselho de Segurança da ONU, em 30 de outubro, o coordenador humanitário Tom Fletcher afirmou que “mulheres e meninas estão sendo estupradas, pessoas mutiladas e mortas com total impunidade”. Dezenas de milhares de civis, majoritariamente mulheres, crianças e idosos, fogem sob risco de extorsão e violência.
Cristãos sob ameaça
Com apenas 4% da população em um país de maioria muçulmana, os cristãos formam um dos grupos mais vulneráveis. A organização Portas Abertas coloca o Sudão na 5ª posição do ranking global de perseguição religiosa. Mais de 100 igrejas foram danificadas desde o início da guerra, e há registros de sequestros e assassinatos de fiéis.
Cristãos de origem muçulmana sofrem forte pressão de familiares e comunidades, mantendo a fé em sigilo, segundo a entidade. A fundação pontifícia Ajuda à Igreja que Sofre (ACN) relatou destruição deliberada de templos e aumento de ataques a sacerdotes entre 2023 e 2024.
Trégua incerta
Apesar do anúncio de cessar-fogo, moradores de Cartum, controlada pelas Forças Armadas sudanesas, relataram explosões e drones sobrevoando a capital na madrugada de sexta-feira. Após dois anos e meio de combates, o conflito segue sem perspectiva de solução imediata.
Fim.
Com informações de Gazeta do Povo