O jornal The New York Times publicou nesta segunda-feira (11) reportagem segundo a qual as tarifas fixadas pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, sobre produtos brasileiros estariam criando condições favoráveis para que empresas norte-americanas de tecnologia participem da elaboração de novas normas digitais no Brasil.
De acordo com o veículo, a cobrança de 50% sobre itens considerados essenciais ainda não contribuiu para retirar o ex-presidente Jair Bolsonaro da prisão domiciliar, mas vem facilitando a aproximação de companhias como Google, Meta e X (antigo Twitter) com autoridades brasileiras e ministros do Supremo Tribunal Federal (STF). As reuniões ocorrem à medida que o país discute regras sobre liberdade de expressão on-line e inteligência artificial.
Críticas a Moraes
O texto lembra que o ministro Alexandre de Moraes, relator do processo que envolve Bolsonaro, determinou o bloqueio de dezenas de perfis de parlamentares e apoiadores que contestaram o resultado das eleições de 2022. O NYT registra críticas de que o magistrado teria:
- mandado prender suspeitos sem julgamento por ameaças virtuais;
- impedido veículos de imprensa de divulgarem conteúdo crítico a autoridades;
- retirado do ar contas populares sem explicar de que forma elas colocavam em risco a democracia.
A reportagem também cita o episódio em que Moraes suspendeu o acesso ao X no país depois de Elon Musk se recusar a remover perfis e ameaçou multar usuários que burlassem a decisão.
Cartas, encontros e tarifas
Segundo o NYT, depois de Trump enviar, em 9 de julho, carta ao governo brasileiro ameaçando impor novas barreiras comerciais, pelo menos duas gigantes do setor de tecnologia se reuniram com ministros do STF em agendas não divulgadas publicamente. Já em 10 de julho, véspera da entrada em vigor da sobretaxa, Google e Meta estiveram com o vice-presidente Geraldo Alckmin e representantes dos Estados Unidos para tratar de regulação e investimentos.
Imagem: TOLGA AKMEN via gazetadopovo.com.br
O jornal afirma ainda que, caso as empresas consigam influenciar o marco regulatório brasileiro, as tarifas podem representar uma vitória expressiva, ainda que discreta, para Trump e seus aliados conservadores, que criticam a legislação brasileira por supostamente cercear vozes de direita e prejudicar negócios norte-americanos.
Com informações de Gazeta do Povo
