A ex-juíza da Suprema Corte Sushila Karki, 73 anos, foi empossada nesta sexta-feira (12) como primeira-ministra interina do Nepal, tornando-se a primeira mulher a chefiar o governo do país.
A cerimônia ocorreu na sede da Presidência, em Katmandu, sob forte proteção militar. Segundo o assessor presidencial Sunil Bahadur Thapa, o Parlamento foi dissolvido, e o novo gabinete deverá organizar eleições dentro de aproximadamente seis a oito meses.
A nomeação de Karki resultou de negociações entre o presidente Ram Chandra Poudel, as Forças Armadas e representantes do movimento estudantil que tomou as ruas depois que o então primeiro-ministro comunista K.P. Sharma Oli bloqueou 26 redes sociais em 4 de setembro. A medida, interpretada como tentativa de conter críticas, desencadeou manifestações que deixaram mais de 50 mortos e mais de mil feridos, de acordo com balanço oficial.
Após a renúncia de Oli, episódios de saques e incêndios atingiram prédios públicos, incluindo o Parlamento e a própria sede presidencial. A pressão das ruas abriu caminho para a escolha de Karki, vista por manifestantes como símbolo de combate à corrupção.
Durante entrevista a um canal de TV indiano, a nova chefe de governo disse ter aceitado o convite “porque esses jovens me pediram”. Ela ganhou projeção nacional ao anular, como juíza, a nomeação de um chefe de polícia considerada irregular, o que provocou tentativa de impeachment contra ela. O processo foi retirado após críticas internas e de organismos internacionais, entre eles a ONU.
Imagem: ANISH REGMI
Além de sua atuação contra a corrupção, Karki é reconhecida pela defesa dos direitos das mulheres, inspirando advogadas e magistradas no país do Himalaia. Sua escolha exigiu contornar o dispositivo constitucional que prevê a indicação de um parlamentar para o cargo de primeiro-ministro, impasse superado durante as tratativas que levaram à formação do governo de transição.
Com informações de Gazeta do Povo