A eleição boliviana realizada no domingo (17) terminou com a inédita formação de um segundo turno apenas entre candidatos de direita, encerrando quase 20 anos de governos ligados ao Movimento ao Socialismo (MAS). O senador Rodrigo Paz Pereira, do Partido Democrata Cristão (PDC), liderou a votação com 32,1%. Em segundo ficou o ex-presidente Jorge “Tuto” Quiroga, da Aliança pela Liberdade e Democracia, com 26,8%. O confronto decisivo está marcado para 19 de outubro.
Crise econômica derruba hegemonia da esquerda
O resultado retira o MAS, associado às lideranças de Evo Morales e do atual presidente Luis Arce, do segundo turno. A piora da economia e a falta de divisas desgastaram o apoio popular ao bloco de esquerda, abrindo caminho para a virada política.
Quem é Rodrigo Paz
Com 57 anos, Rodrigo Paz Pereira surpreendeu institutos de pesquisa ao garantir a primeira colocação. Filho do ex-presidente Jaime Paz Zamora, nasceu em 22 de setembro de 1967, na Espanha, onde a família vivia exilada durante o período de ditaduras militares. De volta à Bolívia, fez carreira em Tarija, onde foi deputado, prefeito e, atualmente, senador.
Sua campanha adotou discurso moderado de “capitalismo para todos” e defendeu descentralização orçamentária, corte de impostos, crédito facilitado e reforma do Judiciário.
Quem é Jorge Quiroga
Engenheiro industrial formado na Universidade do Texas, Jorge Quiroga, 65 anos, foi vice de Hugo Banzer e assumiu a Presidência entre 2001 e 2002, após a renúncia de Banzer. Ligado historicamente ao partido Ação Democrática Nacionalista (ADN), construiu reputação de crítico a governos de esquerda na América Latina e mantém contatos com opositores dos regimes de Venezuela, Cuba e Nicarágua.
Imagem: Luis Gandarillas via gazetadopovo.com.br
No discurso pós-eleição, declarou que “uma longa noite de duas décadas terminou” e prometeu disciplina fiscal, digitalização do Estado, abertura comercial e cortes profundos de gastos — chegando a citar a “motosserra” como metáfora para a redução das despesas públicas.
O segundo turno em 19 de outubro definirá quem comandará a Bolívia no próximo quinquênio.
Com informações de Gazeta do Povo
