Londres – O prefeito da capital britânica, Sadiq Khan (Partido Trabalhista), classificou o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, como “racista” e “islamofóbico” nesta quarta-feira (24). A reação ocorreu um dia depois de o mandatário norte-americano usar Londres como exemplo negativo em seu discurso na Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU), em Nova York.
Na terça-feira (23), Trump disse que “tudo mudou” na cidade desde que um “prefeito terrível” assumiu o cargo e insinuou que autoridades londrinas “querem adotar a Sharia”, em referência à lei islâmica. “Você está em um país diferente, não pode fazer isso”, afirmou o republicano.
Khan, que é muçulmano, respondeu aos jornalistas que se perguntavam sobre o comentário. “As pessoas querem saber o que há de tão especial neste prefeito muçulmano que administra uma cidade liberal, multicultural e bem-sucedida, a ponto de eu parecer morar sem pagar aluguel na cabeça de Donald Trump”, ironizou. Em seguida, acusou o presidente norte-americano de ser “racista, sexista, misógino e islamofóbico”.
Lideranças trabalhistas voltaram a negar qualquer intenção da prefeitura de implantar a Sharia em Londres. Já o ex-líder do Brexit e atual dirigente do partido Reforma Reino Unido, Nigel Farage, declarou à rádio LBC que “a Sharia é um problema em Londres”, embora não considere o tema “um grande problema neste momento” nem veja ligação direta de Khan com a questão.
Dados da BBC indicam a existência de mais de 80 conselhos de Sharia no Reino Unido, responsáveis principalmente por arbitrar casamentos muçulmanos e conflitos financeiros entre seguidores do islã. Segundo o governo britânico, decisões desses conselhos não têm força jurídica vinculante, conforme relatado em 2019.
O embate verbal entre Trump e Khan soma novos capítulos à relação conturbada entre os dois, marcada por trocas de críticas desde 2016.
Com informações de Gazeta do Povo