A empresa estatal União Elétrica (UNE) informou que 48% do território cubano enfrentará interrupções no fornecimento de eletricidade neste domingo (28), justamente nos períodos de maior consumo, à tarde e à noite.
Segundo o boletim mais recente do Sistema Elétrico Nacional (SEN), divulgado pela UNE, a capacidade máxima de geração prevista para o horário de pico é de 1.810 megawatts (MW), enquanto a demanda estimada atinge 3.430 MW. O déficit projetado chega, portanto, a 1.620 MW, podendo aumentar conforme o consumo cresce no decorrer do dia.
A crise energética em Cuba, que se arrasta há anos, agravou-se nos últimos meses com apagões diários que ultrapassam 20 horas em áreas extensas, incluindo cidades importantes como Santiago de Cuba e Holguín, no leste da ilha. Desde o fim de 2024, o país registrou cinco blecautes nacionais; o mais recente ocorreu em 10 de setembro.
Atualmente, seis das 16 unidades termoelétricas estão fora de operação por falhas ou manutenção. A UNE atribui parte das dificuldades à falta de divisas para importação de combustível, enquanto especialistas independentes apontam um subfinanciamento crônico de décadas em um setor totalmente estatal desde 1959.
Estudos independentes calculam que seriam necessários entre US$ 8 e US$ 10 bilhões para modernizar a rede elétrica cubana. A sequência de apagões vem prejudicando a economia, que encolheu 1,9% em 2023 e não registrou crescimento no ano passado, mantendo o Produto Interno Bruto abaixo dos níveis de 2019. O governo projeta avanço de apenas 1% em 2025.
As interrupções também alimentam o descontentamento popular e já foram associadas a manifestações significativas, como os protestos de julho de 2021 e atos menores recentes em Havana e Gibara.
Com informações de Gazeta do Povo