Cidade do México – O prefeito de Uruapan, no estado mexicano de Michoacán, Carlos Manzo, 40 anos, foi morto a tiros na noite de sábado (1º) enquanto participava das comemorações do Dia dos Mortos na praça principal do município.
Segundo autoridades locais, o político foi atingido por seis disparos instantes depois de aparecer em público carregando o filho no colo. Conhecido pela política de tolerância zero contra o narcotráfico, Manzo havia recebido o apelido de “Bukele mexicano”, em alusão ao presidente de El Salvador, Nayib Bukele.
Proteção federal não impediu ataque
A Secretaria de Segurança e Proteção Cidadã informou que o prefeito dispunha de escolta federal desde dezembro de 2024. Em maio deste ano, o esquema ganhou reforço com o envio de 14 agentes da Guarda Nacional. Mesmo assim, os atiradores conseguiram se aproximar e disparar.
O secretário da pasta, Omar García Harfuch, declarou em entrevista coletiva que “nenhuma linha de investigação está descartada”.
Funeral comovente e protestos violentos
No domingo (2), centenas de moradores acompanharam o cortejo fúnebre pelas ruas de Uruapan, entre aplausos e músicas típicas. Durante a cerimônia, a viúva, Grecia Quiroz, pediu que a população “mantenha viva a luta” do marido contra o crime organizado.
Após o enterro, a comoção deu lugar à revolta. Manifestantes incendiaram parte do Palácio de Governo de Michoacán, atiraram móveis pelas janelas e entoaram palavras de ordem contra a presidente do México, Claudia Sheinbaum, e o partido governista Movimento de Regeneração Nacional (Morena). Protestos semelhantes ocorreram em Morelia, capital estadual, onde o governador Alfredo Ramírez Bedolla também foi alvo de críticas.
Repercussão nacional
Nas redes sociais, Claudia Sheinbaum condenou o assassinato e afirmou que episódios “tão lamentáveis impulsionam a fortalecer ainda mais a estratégia de segurança”.
Trajetória política
Carlos Manzo foi eleito em 2024 como candidato independente, depois de romper com o Morena. Durante o mandato, circulava armado e usando colete à prova de balas, além de participar pessoalmente de patrulhas. Em setembro, ele revelou ter recebido ameaças: “Estamos todos expostos, inclusive eu como presidente municipal. Não queremos ser mais um prefeito assassinado que vire estatística”, escreveu nas redes sociais.
Michoacán sob disputa
Com litoral no Pacífico e área comparável à da Costa Rica, Michoacán é estratégico para o agronegócio mexicano e alvo de cartéis como Jalisco Nueva Generación (CJNG) e Nova Família Michoacana. Em janeiro, o então presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, classificou ambos os grupos como organizações terroristas estrangeiras.
Até o momento, ninguém foi preso pelo homicídio do prefeito.
Com informações de Gazeta do Povo