Bogotá, 20 de outubro de 2025 — O presidente da Colômbia, Gustavo Petro, qualificou o mandatário dos Estados Unidos, Donald Trump, de “grosseiro e ignorante” após ser acusado pelo norte-americano de incentivar o narcotráfico e perder imediatamente os subsídios concedidos por Washington ao país andino.
A resposta de Petro foi publicada no domingo (19) em sua conta no X. No texto, o chefe de Estado assegurou que “jamais a Colômbia foi grosseira” com os Estados Unidos, ressaltou sua postura socialista — “não sou negociante, muito menos narcotraficante” — e disse que “um mafioso condensa o melhor do capitalismo: a cobiça”.
Diante do ataque verbal e da suspensão do apoio financeiro, o governo colombiano convocou nesta segunda-feira (20) o embaixador em Washington, Daniel García-Peña, para consultas em Bogotá. O Ministério das Relações Exteriores confirmou que o diplomata já se encontra na capital colombiana.
Trump havia declarado na rede Truth Social que a gestão Petro “promove a produção massiva de drogas” e ameaçou “fechar” campos de cultivo ilícito “de forma nada agradável” caso o governo colombiano não o faça. Segundo o republicano, a Colômbia transformou o narcotráfico em seu “maior negócio”.
Petro rebateu afirmando que o presidente norte-americano está “sendo enganado” por assessores e reiterou que a “guerra às drogas” promovida pelos EUA é uma política fracassada, responsável por um milhão de mortes na América Latina e usada como pretexto para manter presença militar na região.
A tensão se somou às críticas recentes de Petro às operações navais dos EUA no Caribe. O colombiano acusou Washington de lançar mísseis contra embarcações “que tenham ou não vínculos com o tráfico” e comparou a ação aos bombardeios em Gaza.
O impasse também mexeu com o setor produtivo colombiano. O senador republicano Lindsey Graham afirmou que a Casa Branca prepara novas tarifas sobre produtos do país sul-americano, ampliando a medida de abril, quando a Colômbia passou a integrar a lista de nações sujeitas à tarifa mínima de 10%.
Esta é a segunda vez no ano que Bogotá chama seu embaixador nos EUA para consultas. A anterior ocorreu em julho, após o governo norte-americano retirar temporariamente seu cônsul na capital colombiana devido a declarações de Petro sobre um suposto complô para derrubá-lo.
Com informações de Gazeta do Povo