O Congresso do Peru destituiu na madrugada desta sexta-feira (10) a presidente Dina Boluarte, alegando “incapacidade moral permanente” diante do agravamento da crise de segurança. No mesmo dia, o então presidente do Legislativo, José Jerí, tomou posse e tornou-se o sétimo chefe de Estado peruano em pouco mais de nove anos.
Boluarte amargava baixos índices de popularidade e vinha sendo criticada por partidos de direita e de esquerda. Ao assumir, Jerí prometeu priorizar o combate à violência e garantir eleições livres e justas marcadas para abril de 2026.
Sucessão acelerada desde 2016
A instabilidade no Palácio de Governo começou após o término do mandato de Ollanta Humala, em julho de 2016. Nenhum presidente eleito desde então concluiu os cinco anos de mandato:
- Pedro Pablo Kuczynski (PPK) renunciou em 2018, envolvido no escândalo da Odebrecht;
- Martín Vizcarra, seu vice, sofreu impeachment por acusações de corrupção em novembro de 2020;
- Manuel Merino, presidente do Congresso, permaneceu apenas cinco dias, pressionado por protestos;
- Francisco Sagasti comandou o país até julho de 2021;
- Pedro Castillo venceu eleição apertada contra Keiko Fujimori, tentou autogolpe e foi deposto em dezembro de 2022;
- Dina Boluarte, vice de Castillo, assumiu e agora foi removida;
- José Jerí, também originário do Legislativo, assume em 10 de outubro de 2025.
Ex-presidentes atrás das grades
A penitenciária de Barbadillo, apelidada de “prisão dos ex-presidentes”, abriga Ollanta Humala, Alejandro Toledo e Pedro Castillo, todos condenados ou processados por corrupção. Alberto Fujimori, libertado em dezembro de 2023, morreu em setembro de 2024.
A ex-primeira-dama Nadine Heredia, esposa de Humala, foi sentenciada em abril a 15 anos de prisão por lavagem de dinheiro, mas recebeu asilo diplomático no Brasil.
Economia resiste à turbulência
Em entrevista ao jornal El Comercio, o ex-ministro da Economia Luis Miguel Castilla afirmou que o Peru “nunca viveu tamanha volatilidade política”, mas destacou que os indicadores macroeconômicos permanecem estáveis. Segundo ele, sem um mínimo de estabilidade, o país corre risco de degradação econômica. O especialista avaliou positivamente o início de gestão de Jerí, focado na segurança e na preparação das eleições, mas disse esperar detalhes sobre a equipe de governo.
Com Jerí empossado, o país volta a colocar expectativa na próxima disputa presidencial, prevista para abril de 2026, enquanto tenta conter a violência e recuperar a confiança dos investidores.
Com informações de Gazeta do Povo