Dias depois de Washington colocar a América Latina no centro de sua nova Estratégia de Segurança Nacional, divulgada neste mês, Pequim tornou público um “Livro Branco” detalhando metas semelhantes para a região. O documento oficial, publicado nesta quarta-feira (24), afirma que a China pretende ampliar a cooperação “em todas as frentes” com países latino-americanos e caribenhos.
Comércio, tecnologia e setores estratégicos
A diretriz destaca o interesse chinês em expandir investimentos em ciência e tecnologia, além de reforçar a presença em áreas consideradas sensíveis, como os setores militar, espacial e de inteligência artificial. Segundo o texto, o governo de Xi Jinping planeja aumentar a participação em projetos de petróleo, gás, infraestrutura elétrica e de telecomunicações, bem como apoiar iniciativas na indústria manufatureira e na agricultura.
Moedas locais e financiamento alternativo
O plano volta a defender a redução do uso do dólar nas transações comerciais com a região. Entre os instrumentos propostos estão acordos de swap cambial e a emissão de “títulos panda” — papéis denominados em yuan destinados a financiar projetos latino-americanos com capital chinês.
Fóruns regionais e crítica a tarifas
Pequim sublinha a Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos (CELAC) como principal plataforma para fortalecer a influência política, citando os vários subfóruns China-CELAC já existentes. O documento evita mencionar órgãos do Sistema Interamericano, nos quais os Estados Unidos têm presença ativa, como a Organização dos Estados Americanos (OEA), da qual a China é observadora desde 2004.
Sem citar diretamente os EUA, o Livro Branco classifica como “intimidação” a imposição unilateral de tarifas e outras medidas adotadas por potências externas contra países latino-americanos.
Disputa de influência
A publicação ocorre em meio a tensões geopolíticas entre os presidentes Xi Jinping e Donald Trump. Ambos buscam aumentar a projeção de poder no continente, considerado estratégico pelos dois governos. Enquanto Washington reforçou seu compromisso militar e diplomático com aliados regionais, Pequim aposta em comércio, financiamento e cooperação tecnológica para alcançar objetivos semelhantes.
O documento conclui reafirmando que a China “continuará a aprofundar a amizade” com a América Latina nos próximos anos, priorizando parcerias econômicas de longo prazo.
Com informações de Gazeta do Povo