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ONU relata agravamento da repressão na Coreia do Norte e pede ação internacional

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Genebra, 12 de setembro de 2025 – A Comissão de Direitos Humanos da Organização das Nações Unidas (ONU) divulgou hoje um relatório que aponta a deterioração das liberdades civis na Coreia do Norte ao longo da última década, classificando o país como o mais restritivo do mundo.

Produzido pelo Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos (ACNUDH), o documento cobre o período de 2014 a maio de 2025 e baseia-se em mais de 300 entrevistas com vítimas e testemunhas que conseguiram fugir do regime de Kim Jong-un. Entre as conclusões, estão a manutenção de campos de prisioneiros políticos, o desaparecimento de centenas de milhares de pessoas — inclusive cidadãos sul-coreanos e japoneses — e a persistência da fome, agravada por políticas estatais que limitam mercados e atividades privadas.

O relatório afirma que a repressão se intensificou durante a pandemia de Covid-19, quando o governo norte-coreano emitiu ordens de “atirar para matar” nas fronteiras e ampliou o uso de tecnologias de vigilância. Leis que criminalizam o acesso a conteúdo estrangeiro eliminaram a liberdade de expressão, prevendo até pena de morte para quem compartilhar músicas, filmes ou programas de TV de outros países.

“Nenhuma outra população vive sob tantas restrições”, destaca o texto, citando o depoimento de um refugiado. O alto-comissário da ONU para os Direitos Humanos, Volker Türk, classificou o período analisado como “uma década perdida” e alertou que, se nada mudar, a população continuará sujeita a “sofrimento, brutal repressão e medo”.

Também chama atenção o uso em larga escala de trabalho forçado. De acordo com o ACNUDH, jovens pobres, órfãos e crianças em situação de rua são enviados para brigadas de choque em setores de alto risco, como mineração e construção, submetidos a jornadas exaustivas. Paralelamente, a pena de morte foi estendida a crimes considerados menores, como tráfico de drogas e atos enquadrados como ofensivos ao Estado.

O órgão da ONU recomenda uma ação coordenada da comunidade internacional, incluindo o envio do caso ao Tribunal Penal Internacional (TPI) e a garantia de que norte-coreanos que escapem do país não sejam repatriados à força. “Dar esses passos traria ao povo uma medida de esperança de que um futuro com mais liberdade e direitos é possível”, afirmou Türk, ressaltando a vontade de mudança percebida especialmente entre os jovens.

Com informações de Gazeta do Povo