Milão – O estilista italiano Giorgio Armani, reconhecido mundialmente como o “rei” da moda do país, morreu na quinta-feira (3) aos 91 anos, em sua residência na Via Borgonuovo, na capital da Lombardia. Segundo comunicado divulgado pelo grupo Armani, o criador faleceu “tranquilamente, rodeado por seus entes queridos”, entre eles o companheiro de duas décadas, Leo Dell’Orco.
“Com infinito pesar, o grupo Armani anuncia o falecimento de seu criador, fundador e motor incansável: Giorgio Armani”, informou a nota oficial. A empresa destacou que o estilista manteve-se ativo até os últimos dias, envolvido nos ateliês, nas coleções e em novos projetos.
Velório e cerimônia privada
O corpo será velado de sábado (6) a domingo (7) no Armani Teatro, em Milão. A família comunicou que o funeral será reservado, conforme vontade expressa pelo próprio Armani.
Problemas de saúde recentes
Algumas semanas antes de completar 91 anos, o designer havia sido hospitalizado por causa de uma infecção pulmonar, recuperação que o impediu de participar do desfile masculino de alta-costura em junho.
Cinco décadas de marca independente
Fundada em 1975 ao lado de Sergio Galeotti, a Giorgio Armani Spa completou 50 anos em julho de 2025 e é uma das poucas grifes de renome que permanecem fora de grandes conglomerados. Em 2024, a empresa registrou receita de 2,3 bilhões de euros, possuía 8.700 funcionários e 650 lojas em todo o mundo.
Dono único das ações até o fim, Armani estruturou uma fundação para assumir o controle do grupo. O conselho administrativo conta com Pantaleo Dell’Orco, braço direito e companheiro de vida do estilista, o sobrinho Luca Camerana e o executivo Irving Bellotti, da Rothschild Itália. O estatuto proíbe distribuição de lucros, determinando que qualquer excedente seja reinvestido nas atividades da entidade.
Analistas estimam que o valor de mercado da companhia esteja entre 6 bilhões e 7 bilhões de euros, considerando não apenas o faturamento, mas também o prestígio da marca e o patrimônio imobiliário, que inclui endereços em Milão, Nova York, Paris, Londres e Hong Kong, além de hotéis, restaurantes e clubes.
Trajetória e legado
Nascido em 11 de julho de 1934, em Piacenza, Armani iniciou a carreira na moda nos anos 1960. A primeira coleção masculina, lançada para a primavera/verão de 1976, ganhou atenção imediata do setor. Ao longo das décadas, o estilista expandiu o portfólio para segmentos como decoração (Armani Casa), beleza (Armani Beauty), gastronomia (Armani Ristorante) e hotelaria (Armani Hotels), mantendo a assinatura de elegância minimalista.

Imagem: MASSIMO PERCOSSI
Em 2020, Armani criticou publicamente colegas que, segundo ele, “violam” as clientes ao impor tendências sem considerar a individualidade feminina — postura que reflete sua defesa histórica de roupas que valorizem conforto e liberdade.
Prudente nas finanças, o designer deixou a empresa com cerca de 600 milhões de euros em liquidez e investiu 332 milhões de euros em 2024, quase o dobro do ano anterior, para sustentar o crescimento futuro.
O último investimento pessoal do estilista foi a compra, em agosto, do Capannina, tradicional clube de praia em Forte dei Marmi, na Toscana, presente que ele dedicou à equipe e a Dell’Orco, onde o casal se conheceu.
Com a morte de Giorgio Armani, a indústria da moda perde um de seus nomes mais influentes, cuja visão combinou criatividade, sobriedade e gestão independente por meio século.
Com informações de Gazeta do Povo