O presidente argentino, Javier Milei, enfrenta nova crise política após a apresentação de uma queixa criminal que cita sua irmã e secretária-geral da Presidência, Karina Milei, por suposto esquema de propinas na Agência Nacional de Deficiência (Andis).
Quem denunciou
A ação foi protocolada na semana passada pelo advogado Gregorio Dalbón, representante da ex-presidente Cristina Kirchner. O processo aponta possíveis crimes de suborno, administração fraudulenta, negociações incompatíveis com a função pública e violação da Lei de Ética Pública.
Acusados
Além de Javier e Karina Milei, a denúncia inclui:
- Eduardo “Lule” Menem, assessor presidencial e primo do presidente da Câmara dos Deputados, Martín Menem;
- Eduardo Kovalivker, proprietário da distribuidora Suizo Argentina S.A.;
- Diego Spagnuolo, ex-diretor-executivo da Andis e antigo advogado de Milei.
Áudios vazados
A investigação ganhou força após a divulgação de gravações atribuídas a Spagnuolo. Nos áudios, uma voz que seria do ex-funcionário descreve arrecadação ilegal de dinheiro envolvendo contratos de medicamentos, menciona conhecimento do presidente sobre o caso e aponta Karina Milei e Lule Menem como articuladores. Em um dos trechos, a suposta voz de Spagnuolo fala em “meio palo” — cerca de meio milhão de dólares — em propinas mensais.
Demissão e auditoria
Na quinta-feira, 21 de agosto, o governo exonerou Spagnuolo “de forma preventiva”. No fim de semana, o interventor da Andis, Alejandro Vilches, recebeu orientação para acelerar uma auditoria completa em todos os contratos do órgão.
Reações do governo
Em publicações na rede X nesta segunda-feira, 25 de agosto, Lule Menem negou qualquer irregularidade. “Posso garantir a total falsidade do conteúdo”, escreveu, afirmando nunca ter tratado de contratos da Andis com Karina ou Javier Milei. O porta-voz presidencial, Manuel Adorni, limitou-se a dizer que “o tempo é o único juiz que revela a verdade”.
Imagem: Juan Ignacio Rcori
Movimento da oposição
Partidos oposicionistas pretendem convocar o chefe de Gabinete, Guillermo Francos, e o ministro da Saúde, Mario Lugones, para prestar esclarecimentos na Câmara dos Deputados. No pedido, o deputado Oscar Agost Carreño (Encontro Federal) alegou gravidade por envolver recursos destinados a pessoas com deficiência.
Contexto eleitoral
A denúncia surge a menos de dois meses das eleições legislativas de outubro, em que a coligação governista A Liberdade Avança tenta ampliar sua reduzida representação no Parlamento. Na semana anterior, o Senado rejeitou cinco decretos de desregulamentação enviados por Milei e aprovou aumento do financiamento às universidades públicas, acentuando o clima de confronto político.
A investigação sobre os contratos da Andis segue em curso e não há, até o momento, decisões judiciais que imputem culpa aos envolvidos.
Com informações de Gazeta do Povo