A Colossal Biosciences, empresa de biotecnologia sediada no Texas (EUA), informou ter cultivado em laboratório, pela primeira vez, células germinativas primordiais (PGCs) de pombos – etapa considerada decisiva no projeto que pretende recriar o dodô (Raphus cucullatus), ave extinta há cerca de 400 anos.
Financiamento reforçado
O anúncio foi feito depois de a companhia receber novo aporte de US$ 120 milhões, elevando o total captado para US$ 555 milhões. O executivo-chefe, Ben Lamm, e a diretora científica, Beth Shapiro, afirmam que o avanço confirma a meta de apresentar um exemplar vivo do dodô em um prazo de cinco a sete anos.
Por que as PGCs são decisivas
As PGCs dão origem a óvulos e espermatozoides. Até agora, seu cultivo em laboratório havia sido relatado apenas em galinhas e gansos. Segundo Lamm, obter o mesmo resultado em pombos – parentes próximos do dodô – foi “muito difícil”, mas abriu caminho para as próximas fases do projeto.
Etapas previstas para a “desextinção”
1. As PGCs do pombo-nicobar, parente vivo mais próximo do dodô, serão editadas com DNA antigo extraído de exemplares de museu.
2. As células modificadas serão injetadas em embriões de galinhas cuja capacidade reprodutiva própria foi removida por engenharia genética.
3. As aves geradas atuarão como “mães de aluguel”, produzindo descendentes com o material genético do dodô.
Meta além do dodô
De acordo com Shapiro, a Colossal se define como “empresa de preservação de espécies” e pretende aplicar a mesma tecnologia na recuperação de ecossistemas e na proteção de animais ameaçados. A firma já montou um comitê consultivo nas Ilhas Maurício, local de origem do dodô, para discutir uma futura reintrodução da ave.
O trabalho integra uma estratégia mais ampla da Colossal que inclui tentativas de recriar o mamute-lanoso e o tigre-da-tasmânia. Especialistas apontam desafios técnicos e éticos, mas a companhia sustenta que o projeto também estimula o interesse público e acadêmico pela conservação da biodiversidade.
Com informações de Gazeta do Povo