Caracas, 24 de outubro de 2025 – Sob pressão da ofensiva militar dos Estados Unidos contra o narcotráfico no Caribe e no Pacífico, o governo de Nicolás Maduro lançou uma série de ações para persuadir o presidente norte-americano, Donald Trump, de que a Venezuela está combatendo o tráfico de drogas.
Militares na fronteira
Em agosto, antes do início efetivo da operação naval dos EUA, o regime enviou 15 mil militares às fronteiras com a Colômbia. O ministro do Interior, Justiça e Paz, Diosdado Cabello – que tem recompensa de US$ 25 milhões oferecida por Washington – afirmou que drones, barcos e aeronaves seriam usados para barrar o fluxo de entorpecentes.
Cabello declarou que a Venezuela apreende “mais de 70%” das drogas que atravessam o país. Ele classificou a operação como resposta “contundente” a qualquer tentativa de tráfico.
Reforço em setembro
Um mês depois, Maduro ampliou o contingente para 25 mil soldados. Segundo o jornal El País, o objetivo anunciado foi demonstrar que não há cultivos ilícitos em território venezuelano e bloquear rotas de transporte de drogas. “Ninguém pisará nesta terra para fazer o que devemos fazer”, disse o ministro da Defesa, Vladimir Padrino López.
Carta à Casa Branca
Também em setembro, Maduro enviou uma carta a Trump pedindo redução de tensões e negando vínculos com o narcotráfico. Ele classificou as acusações dos EUA como “desinformação” destinada a justificar um conflito armado e ofereceu colaboração para capturar líderes da gangue venezuelana Tren de Aragua.
Divulgação de interceptações
Com a operação norte-americana já em curso e navios dos EUA bombardeando embarcações suspeitas perto da costa venezuelana, a Força Armada Nacional Bolivariana intensificou a divulgação de interceptações de aviões e destruição de pistas clandestinas. Nesta semana, após a neutralização de três aeronaves próximas à Colômbia, Padrino López contabilizou 20 aviões derrubados em 2025, “absolutamente todos” ligados ao tráfico, segundo ele.
Resistência de Washington
Até o momento, as iniciativas não alteraram a posição da Casa Branca. Trump autorizou a CIA a realizar operações letais na Venezuela e cogita ações terrestres. Em setembro, a porta-voz Karoline Leavitt afirmou que a carta de Maduro estava “cheia de mentiras” e que os EUA continuam considerando o regime “ilegítimo”.
No início de outubro, Trump também determinou o fim das negociações conduzidas pelo enviado especial Richard Grenell com representantes do chavismo.
Sem sinal de recuo por parte de Washington, Maduro seguirá buscando alternativas para permanecer no poder, enquanto tenta sustentar a narrativa de combate ao narcotráfico.
Com informações de Gazeta do Povo