Ao longo desta quarta-feira (3), o líder supremo do Irã, Ali Khamenei, usou a rede social X para atacar a desigualdade salarial entre homens e mulheres em países ocidentais. As publicações geraram reações imediatas de usuários, que lembraram o histórico de restrições impostas às iranianas.
Em uma das mensagens, Khamenei afirmou que, no Ocidente, “a honra e a dignidade das mulheres não são respeitadas” e que elas “recebem menos que os homens para executar o mesmo trabalho”. Na sequência, declarou que o Islã garante às mulheres “independência, capacidade de progresso e identidade própria”.
A comunidade da plataforma respondeu anexando uma nota contextual. O texto citou o World Population Review, cujo índice de igualdade de gênero atribui ao Irã pontuação de 0,579 – abaixo de qualquer país ocidental listado. Os cinco melhores colocados são Islândia (0,935), Finlândia (0,875), Noruega (0,875), Nova Zelândia (0,835) e Suécia (0,816).
Repressão interna reforçada
Divergindo das declarações de Khamenei, um relatório do Centro de Direitos Humanos do Irã apontou que pelo menos 50 estabelecimentos – entre cafés, restaurantes, salões de casamento e lojas de roupas – foram fechados entre o fim de junho e o início de outubro por receberem mulheres sem o hijab.
O uso obrigatório do véu voltou a ganhar repercussão internacional após a morte de Mahsa Amini, de 22 anos, em setembro de 2022, enquanto estava sob custódia da Polícia da Moralidade por suposto uso inadequado do lenço. O episódio provocou grandes protestos e novas sanções norte-americanas contra Teerã.
Em resposta às manifestações, o Parlamento iraniano aprovou uma lei que prevê punições mais severas a empresas e mulheres que descumprirem as regras do hijab, incluindo penas de até 15 anos de prisão, multas elevadas, fechamento de negócios e proibição de saída do país. Embora o governo tenha suspendido a aplicação desse texto, outras normas semelhantes continuam em vigor.
A troca de mensagens no X expôs a disparidade entre o discurso do líder iraniano sobre direitos femininos e a realidade apontada por indicadores internacionais e relatos de organizações de direitos humanos.
Com informações de Gazeta do Povo